Por determinação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar as ameaças de morte feitas pelo advogado Matheus Sathler Garcia, contra a presidente Dilma. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS), autor do pedido de investigação.
O Inquérito Policial nº 1.272/2015 vai apurar as declarações do advogado, que disputou sem sucesso uma vaga na Câmara pelo PSDB do Distrito Federal no ano passado. Em vídeo divulgado por ele mesmo na internet, Matheus Sathler afirmou que vai “arrancar” a cabeça de Dilma e que “sangue vai rolar” caso a presidente não renuncie, não fuja do país ou suicide até a próxima segunda-feira (7).
As declarações foram repudiadas pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que pediu ao conselho de ética do partido a abertura de processo de expulsão do tucano. “Não condizem com o que prega o programa do PSDB nem estão em sintonia com o que espera de um filiado do partido”, disse Aécio.
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Na última segunda-feira (31), Paulo Pimenta, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, encaminhou denúncias ao Ministério da Justiça e à PF solicitando que fossem tomadas providências contra o advogado. Além do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, também foram acionados pelo deputado o Ministério Público Federal, para instaurar ação penal contra Matheus por incitação ao crime, e o Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, para que adote medidas para a abertura de processo disciplinar contra o autor das ameaças.
Veja o vídeo:
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De cabeça para baixo
No vídeo, Matheus Sathler Garcia dá três opções a Dilma até o dia 7 de setembro: renunciar, fugir ou se matar. “Caso contrário, o sangue vai rolar. E não de inocentes. E vamos fazer um memorial na Praça dos Três Poderes: um poste de cabeça pra baixo. Com a foice e o martelo, nós vamos arrancar sua cabeça e fazer um memorial”, disse o advogado.
“Vamos juntamente com as Forças Armadas, populares do Brasil, defender o povo brasileiro e te tirar do poder. O povo brasileiro está cansado de ser escravizado por você, escravocrata de impostos. Você, que implantou a ditadura, comunista de cuba. Pegou em armas, foi derrotada e será derrotada mais uma vez”, disse o advogado.
Ainda no vídeo, o ex-candidato a deputado disse que sua fala não era uma ameaça. “Eis que um dia a tartaruga foi destronada da sua arrogância de autoridade. Aqui não é uma ameaça nem aviso, porque quando o povo agir, não terá mais volta”, disse Matheus Sathler. “Que Deus traga a paz à nossa nação. Divulgue essa informação”, concluiu.
“Kit Macho”
Esta não é a primeira vez que o advogado se envolve em polêmicas. Em sua fracassada tentativa de chegar à Câmara, no ano passado, ele defendeu a instituição de um “Kit Macho” e de um “Kit Fêmea”, que seriam cartilhas a serem distribuídas nas escolas para “ensinar homem a gostar de mulher e mulher a gostar de homem”.
Os kits, segundo ele, serviriam para neutralizar as ações que são desenvolvidas pelo programa federal “Brasil Sem Homofobia”. O então candidato tucano acusou o governo Dilma de “ensinar” homossexualidade às crianças brasileiras.
Evangélico, ligado à Assembleia de Deus Ministério Missão Vida, o advogado se apresenta como líder do Movimento Mais Valores, Menos Impostos. Em entrevista ao portal UOL, durante a campanha, Matheus Sathler declarou que tinha ideias inovadoras para “livrar a família brasileira de sua total destruição, como vem tentando fazer o PT (Partido dos Trabalhadores), que é o partido de Satanás”.