Menos de uma semana após criar Secretaria de Proteção e Apoio à Mulher e abrigar a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), voltou atrás e tornou sem efeito a nomeação da aliada do ex-deputado Eduardo Cunha e ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). Solange é ré na Operação Lava Jato na mesma ação em que Cunha é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina por contratos de construção de navios-sonda da Petrobras.
Em nota, o governo diz ter sido informado sobre a condenação da ex-deputada em segunda instância por meio de comunicado do Ministério Público. A Secretaria foi criada por Pezão na última sexta-feira (10), em meio a uma das maiores crises financeiras da história do estado.
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” A decisão do governador foi tomada após o recebimento de um comunicado do Ministério Público Federal (MPF) com a informação de que Solange de Almeida foi condenada em segunda instância por ato de improbidade administrativa”, diz nota oficial.
Ex-prefeita de Rio Bonito (RJ), Solange perdeu a prerrogativa que tinha no TRF-2, no início do ano, após ficar sem mandato. Aliada de Cunha, ela não conseguiu se reeleger. Em janeiro, o desembargador Paulo Espírito Santo havia determinado o envio do processo contra os dois peemedebistas para Moro, em Curitiba.
Preso em Curitiba desde outubro, o ex-presidente da Câmara já responde, no Paraná, a ação da Lava Jato em que é acusado de receber propina de US$ 1,5 milhão num contrato de compra de área de exploração pela Petrobras em Benin, na África.
De acordo com as investigações, requerimentos apresentados por Solange Almeida, quando era deputada, reforçam suspeitas lançadas contra Cunha pelo doleiro Alberto Youssef em sua delação premiada. A ex-parlamentar fez pressão pública sobre as empresas Samsung e Mitsui, representadas no Brasil pelo executivo Júlio Camargo.
Em seu depoimento, o doleiro acusou o ex-presidente da Câmara de receber propina no esquema de desvios da Petrobras por um contrato de aluguel de um navio-plataforma das duas empresas.
Segundo Youssef, a pressão ocorreu por causa de interrupção no repasse dos pagamentos ao PMDB, motivada pela suspensão da comissão paga pelas duas empresas a Camargo. Conforme o doleiro, Cunha pediu “a uma comissão do Congresso para questionar tudo sobre a empresa Toyo, Mitsui e sobre Camargo, Samsung e suas relações com a Petrobras, cobrando contratos e outras questões”. “Este pedido à Petrobras foi feito por intermédio de dois deputados do PMDB”, acrescentou.
A Mitsui e Júlio Camargo foram alvos de questionamentos na Câmara no período em que ocorriam os desvios na estatal. Em 2011, Solange Almeida apresentou dois requerimentos na Comissão de Fiscalização e Controle solicitando praticamente o que relatou Youssef.