O ex-diretor da área internacional da Petrobras e delator da Lava Jato Nestor Cerveró disse, em depoimento constante de seu acordo de delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) que se reunisse com o comando da BR Distribuidora. Cerveró afirmou que a reunião tratou da “compra de grande quantidade de álcool, no valor de R$ 1 bilhão, de usinas de Alagoas”, uma reivindicação de Collor.
Cerveró afirmou que Collor tentou negociar uma negociação com a estatal em benefício do usineiro. A BR, porém, recusou a compra antecipada de álcool, mas o empresário acabou obtendo uma linha de crédito no Banco do Brasil. Na época, a gestão do BB era de Aldemir Bendine, hoje presidente da Petrobras. O banco nega que tenha feito o empréstimo a Lyra, que estava na reunião.
Nestor Cerveró disse aos investigadores que era uma compra de safra antecipada e que, na prática, “se tratava de uma concessão de crédito às usinas”. Collor teria então argumentado que uma grande enchente tinha atingido Alagoas e causado muitos danos. Segundo o ex-diretor, Collor levou o ex-presidente petista para “ver pessoalmente a situação de Alagoas, tendo Lula ficado chocado”.
No encontro, Collor apresentou João Lyra como “exemplo de usineiro alagoano altruísta” que ajudava na recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes. Cerveró afirmou que após o encontro procurou José Zonis, ex-diretor de Operações da BR Distribuidora, para abortar a possibilidade do negócio.
“Ilação”
O Instituto Lula nega as acusações. Uma nota intitulada “Lula já desmentiu à PF ilações de delator” diz que “as questões levantadas pela imprensa com base em delação atribuída a Nestor Cerveró já foram esclarecidas pelo ex-presidente Lula no foro apropriado: um depoimento à Polícia Federal em 16 de dezembro de 2015”.
A nota acrescenta que Lula foi “ouvido na condição de informante – já que não é investigado e sequer foi arrolado como testemunha na chamada Operação Lava Jato – Lula afirmou que Cerveró foi nomeado diretor da Petrobrás e da BR Distribuidora por indicação de partido da base aliada”.
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Veja a íntegra da nota do Instituto Lula
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