Ao comprar a Ipiranga, em conjunto com os grupos Ultra e Braskem, por US$ 4 bilhões, a Petrobras procurou fortalecer a distribuição de combustíveis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e consolidar os investimentos no setor petroquímico, disse o presidente da Petroquisa, José Lima de Andrade Neto. A Petroquisa é a subsidiária da Petrobras no setor petroquímico.
"Este setor (petroquímico) está cada vez mais ganhando escala mundial. Quem quiser se manter tem que crescer e fortalecer investimentos", afirmou. José Lima representou o presidente da estatal, José Grabrielli, durante audiência conjunta de três comissões do Senado convocada para discutir o assunto.
Ele confirmou que a Petrobras vai abandonar a marca Ipiranga no Nordeste. A marca, no entanto, será mantida no Sudeste e no Sul, onde a distribuição dos combustíveis ficará sob o comando do grupo Ultra.
O representante da Ultra, Américo Filho, que também participou da audiência, disse que a aquisição da Ipiranga faz parte da meta de crescimento do grupo. Segundo ele, as empresas que não tiverem crescimento na distribuição de combustíveis terão dificuldades no futuro.
Leia também
"Essa foi a motivação para a compra da Ipiranga. Não deve haver grandes mudanças, a não ser uma maior disposição para investimentos e crescimento. A Ipiranga é uma marca forte, que está em excelente condições operacionais", observou Américo.
O representante da Braskem, Alexandrino Alencar, anunciou que o grupo vai aplicar cerca de R$ 700 milhões no Rio Grande do Sul, com destaque para a produção de resina, nos próximos três anos.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) lamentou o fato de o presidente do grupo Ipiranga não ter avisado à governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), que estaria negociando a venda para a Petrobras, Braskem e Ultra. A governadora só teria tomado conhecimento da negociação pelo jornal.
A companhia também não o procurou para tratar do assunto, ao contrário do que teria feito em outras ocasiões quando precisou da ajuda do parlamentar para negociações com o governo federal, reclamou Simon. “Eles não vieram aqui porque estão com vergonha”, disse o senador. A Ipiranga não enviou representante para a audiência.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minério e Derivados de Petróleo, Ângelo Carlos Martins, disse temer que a transação bilionária resulte em demissões. "Os trabalhadores foram pegos na calada da noite. Há o compromisso de manter emprego, mas quem me garante que isso será feito. Hoje são apenas palavras. Depois eu quero ver", afirmou. (Edson Sardinha)