Pesquisa Ibope sobre a disputa presidencial divulgada ontem mostra que o presidente Lula seria reeleito no primeiro turno se as eleições fossem hoje. Na sondagem, o petista aparece com 47% das intenções de voto, um ponto a mais que a pesquisa do dia 10. A margem de erro da pesquisa – a primeira realizada pelo instituto após o início do horário eleitoral – é de dois pontos percentuais.
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, manteve os 21% da última pesquisa, divulgada no dia 10 e a candidata pelo Psol, Heloísa Helena, também permaneceu com o mesmo percentual da última pesquisa Ibope, 12%. Cristovam Buarque (PDT), José Maria Eymael (PSDC) e Luciano Bívar (PSL) teriam, cada um, 1% dos votos. Rui Pimenta (PCO) ficou com menos de 1% das intenções. Votos em branco e nulos alcançaram 8% e eleitores indecisos somaram 9%.
Na simulação de um segundo turno entre Lula e Alckmin, o petista venceria o tucano com 53% dos votos contra 32% do tucano. Lula aumentou dois pontos percentuais em relação à mesma simulação da pesquisa Ibope do dia 10 de agosto e Alckmin perdeu um ponto.
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Avaliação do governo Lula
A pesquisa mostra que os eleitores que avaliavam o governo do presidente Lula como ótimo ou bom se manteve em 41%. O índice dos que consideram o desempenho do governo regular era de 35% no dia 10 e subiu para 37%. Já o índice dos eleitores que consideravam o governo ruim ou péssimo diminuiu de 22% para 21%.
Não souberam o não quiseram opinar 2% dos entrevistados. A aprovação do governo aumentou de 56% para 57% na opinião dos que foram ouvidos pela pesquisa enquanto que a desaprovação caiu de 37% para 34%. O Ibope ouviu 2002 pessoas em 140 municípios entre os dias 15 e 17 de agosto.
Alckmin aparece na frente de Lula, no Orkut
Os candidatos à Presidência da República encontraram uma nova forma de fazer campanha política. Pela primeira vez em uma disputa, eles estão investindo em sites de relacionamento, como o Orkut. A maior comunidade de um presidenciável no site internacional de relacionamentos é a do candidato tucano, Geraldo Alckmin. Até as 19h17 da última quinta-feira (17), eram 81.458 membros.
A comunidade "Nós votamos Lula presidente" aparece em segundo lugar, com 46.541 membros. A senadora Heloísa Helena (Psol) figura no terceiro lugar, com 44.442. Segundo a agência internacional Reuters, ela foi a candidata que mais cresceu nos últimos dias, um salto de quase 3 mil novas adesões desde a segunda-feira.
Na opinião do jornalista Marcelo Tas, o movimento tem uma ligação direta com a nova legislação eleitoral, que restringiu bastante a margem de manobra dos candidatos na propaganda. "As pessoas com criatividade vêm conseguindo gerar novos meios de divulgação. Só o horário eleitoral não basta. Estou adorando esse barulho na internet, pois apresenta uma conversa que não existe nos debates da TV", afirmou.
A professora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em mídia eletrônica Beth Saad afirma que o problema encontrado nessa nova forma de fazer campanha é que o Orkut deixa um pouco de desempenhar sua função e passa a ser uma comunidade de propaganda eleitoral.
Atualmente, o Brasil é o país com o maior número de membros no Orkut, atingindo aproximadamente 15 milhões de usuários. As comunidades dos candidatos, de uma forma geral, são criadas por militantes partidários. Nos tópicos sobre os assuntos discutidos, os internautas convocam colegas virtuais para carreatas, comícios e até protestos.
Lula diz que vai recorrer de multa do TSE
O presidente Lula anunciou ontem que vai recorrer da multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no valor de R$ 900 mil por ter feito campanha antecipada. O petista demonstrou um pouco de irritação com os jornalistas que insistiam em ter uma posição dele sobre o tema.
"Eu não discuto isso, gente. Essa é uma coisa que os advogados vão discutir. Há uma decisão, há uma possibilidade de recurso, portanto, não estou preocupado com isso", afirmou Lula após se reunir com líderes da Força Sindical, em um hotel na zona sul de São Paulo.
O presidente disse que preferia comentar os números divulgados na quinta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que mostram que os trabalhadores conseguiram um aumento salarial acima da inflação.
Heloísa Helena acusa petista de usar a máquina pública
A senadora e candidata à presidência pelo Psol, Heloísa Helena (AL), acusou ontem o presidente Lula de usar a estrutura administrativa para fazer campanha à reeleição.
"Depois de quatro anos batendo de manhã de tarde e de noite em Fernando Henrique Cardoso pelo uso da máquina administrativa, agora vejo Lula fazendo a mesma coisa, com cinismo, deboche e dissimulação", acusou Heloísa.
Como exemplos de abuso, a senadora citou do "avião presidencial, o Aerolula, a liberação de recursos para viabilizar interesses promíscuos eleitorais, que vemos todos os dias, e esse balcão de negócios sujos só não me desanimam porque eu tenho dito que não posso deixar que eles roubem também a minha esperança".
Cristovam defende pacto para equilibrar contas
Ao participar do ciclo de entrevistas das eleições 2006 do grupo Estado, o candidato do PDT à Presidência da República, Cristovam Buarque, propôs ontem um pacto para equilibrar as contas públicas. Cristovam falou que irá, se eleito, reunir as "forças nacionais" para encaminhar um pacto para deter o crescimento vegetativo das contas públicas.
"Se a gente conseguir dar uma estancada (nos gatos públicos), vai sinalizar para o mercado que vai equilibrar as contas. Aí, a taxa de juros vai cair", disse Cristovam, citando uma troca do atual circulo vicioso por um círculo virtuoso.
O senador disse que Lula está cada vez mais distante do PT, partido do qual Cristovam fez parte. Para o pedetista, o segundo mandato do presidente praticamente excluirá o PT. "O Lula vai cair nos braços de outro partido. Ninguém sabe quem irá rodeá-lo num segunda mandato", destacou.
Segundo Cristovam, a elevação dos aportes na educação não depende do pacto sugerido. "Precisa tão pouco para a Educação, que dá para tirar de algumas rubricas (do Orçamento)".
Ao ser questionado sobre quem seria seu ministro da Fazenda, Cristovam sorriu e disse: "Eu estou com 1% nas pesquisas e vou nomear ministro da Fazenda?". Apesar de não ter dito um nome, ele citou o perfil que acredita ser necessário para o cargo. "Ter o compromisso de casar estabilidade e desenvolvimento."
Durante a sabatina, o ex-ministro voltou a falar sobre o seu assunto preferido: educação. "A educação deve se transformar no motor do processo civilizatório do país". Para depois acrescentar: "Eu não vejo outra alternativa para que a gente dê um salto, chegue ao futuro, ingresse no século 21, seja uma sociedade moderna".
MST
O senador e ex-governador do Distrito Federal também declarou que o Brasil precisa virar a página da questão agrária. "Temos que fazer o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ser desnecessário. Não dá para termos no século XX um movimento como o do MST", afirmou. Para Cristovam, o MST, o Judiciário, o agronegócio e os pequenos produtores devem se reunir para discutir como "virar a página do tempo das capitanias hereditárias".
No entanto, Cristovam não esclareceu o que deve ser feito para resolver a questão. "Prefiro não me ater a números, pois isso depende de muitas coisas. Depende da Justiça e de recursos, por exemplo. Eu só assumo compromisso com aquilo que sei que dá para fazer: a educação."
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