De acordo com a publicação, dos 73 capítulos e dos mais de 130 agentes políticos citados na proposta de delação premiada de Pedro Corrêa, o personagem principal é o ex-presidente. A princípio, Pedro Corrêa ofereceu aos investigadores contar cinco episódios comprometedores envolvendo Lula. Corrêa relata o que seria uma interferência direta de Lula na Petrobras. Segundo o ex-deputado, entre 2010 e 2011, ele e seu colega de partido João Pizzolatti foram ao escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e próximo a Lula. Quando chegaram lá, numa tarde durante a semana, encontraram Marcos Valério e um empresário, do qual o delator não se recorda o nome. Greenhalgh, Valério e o empresário queriam que Pedro Corrêa e Pizzolatti os ajudassem a fechar uma operação de compra e venda de petróleo com a área da Petrobras comandada por Paulo Roberto Costa. De acordo com Corrêa, o negócio geraria um lucro alto. O ex-presidente do PP conta, também, que Lula interferiu para que a transação saísse. A partir da delação, o Ministério Público investigará para onde foram os “pixulecos” do negócio.
Época
divulgou que, segundo Corrêa, o embrião do esquema do petrolão, era o mensalão. “O petrolão e o mensalão são a mesma coisa”, afirma o ex-presidente do PP em sua proposta de delação. “Desde 2004, o petrolão financiava o mensalão.” A pessoa responsável para pedir à Dinamo que fizesse o depósito na conta da empresa de Marcos Valério foi o ex-assessor do PP João Cláudio Genu – ao lado José Janene, morto em 2010. De acordo com investigadores que tiveram acesso à proposta de delação de Pedro Corrêa, os relatos são bastante detalhados – e impressionam pela capacidade de memória do ex-parlamentar.Época
analisa que, diferente de outras colaborações, o ex-presidente do PP não apresenta provas robustas, extratos bancários, mas faz uma verdadeira crônica da política brasileira, apontando irregularidades e falcatruas em diversos períodos da história e em distintos partidos. Há desde líderes de partidos no Congresso a ex-presidentes. Pelo volume de informações, o grupo de trabalho dos procuradores da Lava Jato, em Brasília, gastou quase seis meses para chegar a uma resolução de acordo final. Ficou combinado que nos próximos dias a delação deverá ser, enfim, assinada. No acordo, a princípio, Corrêa pagaria uma multa de quase R$ 5 milhões – e blindaria seus filhos, entre eles a deputada Aline Corrêa, de qualquer acusação.Conhecedor da história do mensalão, Pedro Corrêa não quis acabar tendo o mesmo desfecho que Marcos Valério e, por isso, segundo a revista, resolveu contar tudo o que sabe. E o que sabe pode ser uma nova dinamite a explodir a República – e, em particular, o ex-presidente Lula, avalia a publicação.
Procurado, o ex-presidente Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que “não comenta supostas delações e repudia o jornalismo feito por vazamentos ilegais”. A defesa de Pedro Corrêa não quis comentar. O advogado Marcelo Leonardo, que representa Marcos Valério na Justiça, disse que não vai comentar, porque não teve acesso ao conteúdo da delação. O criminalista ainda diz que seu cliente está disposto a negociar um acordo de delação com os investigadores da Lava Jato. João Pizzolatti não foi localizado pela reportagem.
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