O ex-deputado federal Hélio Bicudo (SP), de 93 anos, militante dos direitos humanos e um dos fundadores do PT, afirmou que seu pedido de impeachment impetrado na Câmara há aproximadamente duas semanas não é uma tentativa de golpe. “Esse negócio de falar que é golpismo, é golpismo de quem fala. Estamos agindo de acordo com o que a Constituição diz”, disse Bicudo.
A frase do ex-petista foi uma resposta a presidente Dilma Rousseff que, na manhã desta quarta-feira (16), afirmou em entrevista a rádio Comercial AM, de Presidente Prudente (SP), que usar a crise econômica que o país atravessa como instrumento para chegar ao poder é “uma versão moderna do golpe”. “Em todos esses países que passaram por dificuldades, você não viu nenhum país propondo a ruptura democrática como forma de saída da crise. Esse método que é querer utilizar a crise como um mecanismo para chegar ao poder é uma versão moderna do golpe”, disse a presidente.
Bicudo se reuniu nesta quarta-feira com líderes dos grupos anti-Dilma, entre os quais o jurista Miguel Reale Jr. e a professora de Direito da USP Janaina Paschoal, em um cartório de São Paulo, para fazer os reconhecimentos de firmas do pedido de impeachment encaminhado à Câmara.
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No início desta semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia devolvido o pedido de impeachment impetrado por Bicudo alegando necessidade de ajustes para atender “requisitos formais” exigidos pelo Regimento Interno da Casa.
Depois de assinar os documentos, Bicudo declarou que preferia a realização de novas eleições em caso de uma eventual saída de Dilma. “Temos que ter eleições livres e gerais para escolher um novo presidente”, ressaltou ele, cercado por militantes anti-Dilma. Alguns deles exibiam miniaturas do boneco do ex-presidente Lula vestido de presidiário. O pedido de impeachment com os ajustes deve ser protocolado nesta quinta-feira (17) na Câmara.
Na peça apresentada anteriormente, Bicudo acusa a presidente de ter cometido crime de responsabilidade por não ter estancado os desvios na Petrobras e por atrasar propositalmente o repasse de recursos de programas sociais aos bancos públicos, caso das chamadas “pedaladas fiscais”, em análise no Tribunal de Contas da União (TCU).
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