Depois de divulgar nota na qual afirma estar sendo vítima de uma “implacável perseguição política”, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, falou há pouco ao chegar ao plenário da Câmara e voltou a negar qualquer envolvimento em fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Paulinho é investigado pela Polícia Federal (PF) por suposta participação em desvios de recursos do banco, cujo esquema seria operado por uma quadrilha com base em São Paulo.
Paulinho disse que, depois que o consultor da empresa Progus, Marcos Vieira Mantovani, admitiu ter usado indevidamente o nome do deputado em benefício próprio, em depoimento prestado ontem (26) à PF, ele solicitou hoje ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que encaminhasse seu caso ao Conselho de Ética da Casa. “Lá [no Conselho] eu terei mais oportunidade de esclarecer a toda a sociedade e, principalmente, a meus pares aqui na Câmara, essa perseguição política que estou sofrendo devido ao trabalho que tenho feito aqui em defesa dos trabalhadores”, acredita o deputado.
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À PF, Mantovani negou ter feito pagamentos por meio de cheques a Paulinho. De acordo com o advogado do consultor, Antonio Ruiz Filho, os valores eram pagos a João Pedro Moura, assessor da Força, para que a central sindical conseguisse empréstimos de forma facilitada junto ao BNDES.
Em resposta à hipótese de que seria a “bola da vez” dos ataques da oposição, tanto em nível regional – Paulinho é pré-candidato à prefeitura de São Paulo – quanto na própria Câmara, Paulinho disse que não é “bandido”. “Só sei que uma pessoa falou com outra, citaram ‘Paulinho’ e PA’, e agora essa mesma pessoa chega ao juiz (sic) e diz: ‘Olha, usei indevidamente o nome dele’… E no outro dia eu continuo tendo de explicar que eu não sou bandido? É com eles que a polícia tem que falar, não comigo.”
Segundo relatório da PF, o nome de Paulinho e as iniciais PA, que seriam uma referência ao deputado, aparecem em documentos apreendidos durante a Operação Santa Tereza em um prostíbulo na capital paulista (o “quartel general” da quadrilha). Além de Mantovani e Moura, que também admitiu ter usado o nome de Paulinho para conseguir novos “clientes” para o esquema de desvio de recursos, outras 11 pessoas estão sendo investigadas pela PF.
Mais cedo, o corregedor da Câmara, Inocência Oliveira (PR-PE), decidiu encaminhar à Mesa Diretora a recomendação de cassação de mandato de Paulinho e de outro deputado, Juvenil Alves (PRTB-MG), este acusado de prática de caixa dois nas últimas eleições. Segundo Inocêncio, a situação de Paulinho é “gravíssima”. “Já tem até cheque na conta”, sentenciou o parlamenar pernambucano, que está reunido neste momento com Chinaglia na Presidência da Casa. (Fábio Góis)