Um encontro entre os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Paulinho da Força (SD-SP), no início da tarde de hoje (29), provocou alguns minutos de tensão no Salão Verde da Câmara. Paulinho entregou hoje ao Conselho de Ética uma representação contra Alencar, acusando-o de usar empresas fantasmas e pedindo a cassação do mandato do deputado fluminense..
O documento inclui indícios da contratação de uma empresa de propaganda que emitia notas fiscais para receber recursos indenizatórios da Câmara sem executar os serviços. Paulinho acrescentou que mais de um terço do dinheiro declarado por Alencar na prestação de contas da campanha – R$ 65 mil – foram doados por sete funcionários de seu gabinete.
“Estou dando a oportunidade para ele se explicar e esclarecer estes fatos graves. Ele que é a pessoa que mais defende a ética na Casa não pode ser suspeito”, afirmou Paulinho. Ao se encontrarem no Salão Verde, minutos depois do anúncio sobre a representação, o clima esquentou. Os dois parlamentares conseguiram manter um tom de cavalheirismo e usaram ironia para disfarçar as farpas.
Chico Alencar negou as acusações e afirmou ter orgulho de sua campanha. “O dinheiro que gastei foi limpo. Se os funcionários de meu gabinete colaboraram, tenho muito orgulho, porque isto é uma posição política.” Segundo ele, quando soube de rumores sobre a representação procurou o líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA), que afirmou que a iniciativa era pessoal e que tentaria reverter a situação.
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O parlamentar fluminense chegou a encaminhar documentos para o acusador, a fim de comprovar que as teses de Paulinho não eram verdadeiras. Conforme Alencar, ficou claro que foi uma missão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para sobrecarregar o Conselho de Ética, que, na próxima semana, inicia o processo de análise de quebra de decoro contra o peemedebista.
“É uma manobra evidente, com todos os indícios de que foi orientada por Eduardo Cunha. Trata-se de um ´paulinho mandado´ para tumultuar o ambiente, desviar o foco e sobrecarregar o Conselho.” Chico Alencar destacou que não tem conta na Suíça ou carros de luxo. “Se o Conselho acolher [a representação contra ele], será uma desmoralização total”, acrescentou.
Mais cedo, Eduardo Cunha, perguntado sobre manobras de aliados para atrapalhar o andamento do processo no Conselho de Ética, negou que tenha orientado qualquer medida desse tipo.
“Não aceito este tipo de acusação. Uma pessoa aliada ou amiga que tenha qualquer tipo de gestos não quer dizer que sou responsável ou que estou por trás da iniciativa. Não dá para aceitar esse tipo de coisa, porque amanhã serei responsável porque meu aliado brigou na rua. Tem de respeitar as posições”, concluiu.