Principal sindicalista a apoiar o governo, o deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) condiciona o seu aval à proposta de reforma da Previdência, que o presidente Michel Temer apresenta aos líderes partidários nesta segunda-feira (5), à preservação dos direitos adquiridos. “Não vou aceitar qualquer proposta. Se o governo insistir em tirar direitos, vou ser o primeiro a sair”, disse ao Congresso em Foco o parlamentar, que acumula a direção da central Força Sindical com o exercício do mandato.
Depois de aprovar a proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos pela inflação do ano anterior (PEC 55/2016), que aguarda votação em segundo turno pelo Senado, a proposta de reforma da Previdência é o segundo pilar da política de ajuste fiscal e, com tal status, será enviada pelo Planalto ao Congresso nos próximos dias.
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O governo já sabia que encontraria resistências de centrais como a CUT, CGT e Nova Central, ligadas aos partidos de oposição no Congresso. Mas também não conta com o apoio da sua aliada Força Sindical. “Vai ser difícil a aprovação. A proposta parece que não tem muita consistência. Parece meio aloprada”, criticou Paulinho.
A pressa do governo, segundo Paulinho, revela que o Planalto quer transferir rapidamente a responsabilidade para o Congresso. “O governo vai mandar uma proposta ruim para que o Congresso conserte. É para inglês ver”, disse o sindicalista. Ele é um dos líderes e dirigentes de partidos da base de apoio ao governo no Congresso convidado para a reunião, nesta segunda-feira, em que a proposta de reforma será apresentada pelo presidente Temer.
Manifestações
O sindicalista também duvida que os milhares de manifestantes que foram às ruas protestar contra a corrupção e a favor da Operação Lava Jato estejam preocupados com a reforma da Previdência.
“A maioria dos manifestantes era de profissionais liberais. Lá não tinha nem pobre, nem preto, nem operário”, disse o sindicalista. Na avaliação de Paulinho da Força, as manifestações de domingo não representam os operários, que serão atingidos diretamente pela reforma na Previdência.
Informações antecipadas por ministros e líderes governistas no Congresso, ainda em caráter informal, revelam que o governo deve propor a ampliação, para 65 anos, a idade mínima para aposentadorias de homens, e de 60 para mulheres. Esta é a principal alternativa para o equilíbrio das contas do INSS e dos gastos da União com os servidores públicos e militares aposentados.