O conjunto de informações do Ministério Público suíço revela a trajetória do dinheiro repassado às contas bancárias atribuídas a Cunha e alguns familiares. Segundo a reportagem, foram registrados depósitos de US$ 4.831.711,44 e 1,3 milhão de francos suíços movimentados em tais contas, sem a devida comunicação à Receita Federal. O montante, segundo cotação das moedas referente a esta sexta-feira (16), equivale a R$ 23,8 milhões.
Leia também
Segundo investigadores suíços e brasileiros – o caso passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) –, os documentos pessoais assinados por Cunha comprovam o que ele tem negado: que é o beneficiário das contas bancárias. Em uma delas, em nome da offshore Triumph SP, uma cópia do passaporte do deputado demonstra o uso do documento para a abertura da conta. “Em um dos documentos, que autoriza investimentos vinculados à conta bancária, aparece uma assinatura que seria de Cunha, semelhante a registrada no passaporte dele”, diz trecho da reportagem veiculada no G1, com imagens dos documentos em poder do MPF.
Em um dos documentos, um formulário questiona se o candidato a correntista tem residência no país em que deseja abrir a conta – ou seja, a Suíça. Segundo o Jornal Hoje, a resposta no documento assinado por Cunha é que o titular do requerimento desejava trabalhar no país europeu.
“Parte do dinheiro teria sido pago a Cunha como propina por contrato fechado entre a Petrobras e a empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl, em Benin, na Africa. Segundo as investigações, o empresário Idalecio de Oliveira era proprietário de um campo de petróleo em Benin e fez um contrato de US$ 34,5 milhões com a Petrobras para exploração do mesmo”, acrescenta a reportagem.
Com a veiculação das revelações sobre o caso intensificadas desde a semana passada, o deputado virou alvo de pedido de processo, no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar. Já denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por indícios de envolvimento no esquema de corrupção descoberto com a Operação Lava Jato, Cunha foi à CPI criada para investigar o caso, em março, e negou ter contas no exterior ou ter recebido “qualquer vantagem” dos desvios na estatal. A declaração é tida como “mentira” por parlamentares da Câmara e do Senado e, segundo esse ponto de vista, é motivo suficiente para a cassação do seu mandato.
O Congresso em Foco tentou contato com deputado do PMDB, que não deu reposta até a publicação deste texto. Durante toda a semana, Cunha insistiu em negar as acusações encaminhadas à PGR por autoridades suíças. Procurada para comentar o assunto, a assessoria da Presidência da Câmara recomenda a consulta ao advogado de Cunha, Antonio Fernando de Souza, que tem evitado comentar o caso.
Leia também: