Édison Freitas de Siqueira *
Se o sobrepreço pago pela Petrobras na refinaria de Pernambuco for comparado com o criminoso sobrepreço de US$ 1,2 bilhão pago pela Petrobras pela refinaria de Pasadena nos EUA, este último passa a ser café pequeno.
Abreu e Lima, em Pernambuco, deve ir para o Livro Guinness de Recordes, pois alcança o infeliz recorde de ser a refinaria mais cara do mundo, construída para processar 230 mil barris de óleo por dia.
Para comparar: a refinaria de Pasadena, que em 2005 valia US$ 42 milhões e meses depois foi comprada pela Petrobras por US$ 1,2 bilhão, tem a capacidade de processar 120 mil barris de petróleo por dia. Ou seja, 50% da capacidade prevista para a refinaria de Pernambuco. Na realidade, antes de a Petrobras comprá-la por US$ 1,2 bilhão, Pasadena valia em torno de US$ 200 milhões de dólares e a refinaria de Pernambuco, para refinar o dobro de barris de petróleo, não deveria custar nos dias de hoje além dos US$ 2,3 bilhões que foram orçados inicialmente.
O sobrepreço da refinaria de Pernambuco faz dela um escândalo uma dezena de vezes maior do que o caso de Pasadena.
Abreu e Lima era para ser um bom negócio para a companhia, mas a obra já foi paralisada algumas vezes pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de irregularidade e já supera mais de US$ 17,1 bilhões em gastos.
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O pior para os acionistas da Petrobras é que, apesar desse incrível aumento de mais de 643% sobre o orçamento inicial, Abreu e Lima custará mais alguns bilhões para ser concluída.
Estimativas da própria Petrobras dão conta de que os valores finais podem superar a casa dos US$ 20 bilhões. Dilma tem que explicar por que a refinaria de Pernambuco, sem estar concluída, já custou à Petrobras quase oito vezes mais do que o valor originalmente previsto.
* Édison Freitas de Siqueira é advogado e presidente do Instituto de Estudos Econômicos e dos Direitos do Contribuinte.