Fábio Góis
Na Câmara dos Deputados, a maioria dos pequenos partidos já definiu como ficará a liderança de suas bancadas – muitas delas de olho nas eleições municipais deste ano. O resto, só mesmo após o reinício das atividades legislativas.
O atual líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), não deve disputar cargos eletivo nas eleições municipais deste ano, informou sua assessoria de imprensa. Só a partir do dia 15 de fevereiro os 25 deputados da bancada na Câmara se reunirão para definir se ele continua ou não no comando do partido. Até agora, nenhum nome foi oficialmente lançado para a sucessão de Miro Teixeira, mas Mário Heringer (MG) tem sido lembrado.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) afirmou ao Congresso em Foco que, de acordo com o sistema de rodízio do partido na Câmara, a cada seis meses, o atual líder Sarney Filho (MA) deve permanecer por mais alguns meses no posto. Sarney foi alçado à liderança em setembro de 2007. Gabeira informou também que o colega não tem pretensões de concorrer a cargos eletivos nas municipais deste ano. “Acho que não, porque a prefeitura a que ele poderia aspirar é São Luís [MA], mas essa pretensão ele não tem”, disse Gabeira.
No PSol, Chico Alencar (RJ) passará a missão para deputada Luciana Genro (RS), seguindo o rodízio anual da legenda. Chico deve concorrer à prefeitura do Rio em outubro.
O líder do PR, Luciano Castro (RR), foi reconduzido por unanimidade ao posto, em dezembro. Ainda não foi definido se ele se candidatará a alguma prefeitura em Roraima, embora haja essa possibilidade. No PSB, há um movimento forte no partido para reconduzir o deputado Márcio França (SP) à liderança.
Segundo a assessoria do PCdoB, o Conselho Político da legenda ainda não definiu qual será o sucessor do atual líder, Renildo Calheiros (PE), que tem boas chances de continuar no cargo. O deputado está em férias em Recife e não foi localizado para falar sobre o assunto. O senador Inácio Arruda (CE), único representante do PCdoB no Senado, afirmou à reportagem que, depois da retomada das atividades legislativas (6 de fevereiro), a comissão política do partido definirá se troca de líder. “Normalmente é um ano [o tempo de permanência na liderança]”, resumiu Inácio, ressalvando que o período pode ser prolongado.
O atual líder do PPS, Fernando Coruja (SC), será reconduzido ao posto em 2008, segundo assessores de seu gabinete. Será o terceiro ano consecutivo em que Coruja estará à frente da sigla. Sua assessoria informou ainda que ele não sairá candidato nas eleições municipais deste ano.
Desde 2006 na liderança da bancada do PP, o deputado Mário Negromonte (BA) tem boas chances de continuar no posto. De acordo com sua assessoria, depois do Carnaval a bancada se reunirá para definir a questão. A assessoria disse ser provável que o deputado não dispute cargo eletivo neste ano.
Alta liderança
O atual líder do PTB, Epitácio Cafeteira (MA), foi reconduzido por unanimidade ao posto no Senado. “Por que alguém vai querer me retirar da liderança?”, questionou. Eleito líder da bancada na atual legislatura, Cafeteira, que tem 83 anos (é o mais velho congressista em atividade), disse à reportagem que não tem pretensões de se candidatar neste ano. “Fui eleito senador com 82 anos”, resumiu o senador.
A exemplo de Cafeteira, o líder do PDT, Jefferson Péres (AM), disse à reportagem que não concorrerá a cargo eletivo neste ano. “Aliás, não vou disputar nem a reeleição [para a liderança no Senado]”, gracejou o senador, que foi eleito para a liderança no início de 2007. A cada dois anos, o partido costuma decide se renova ou não sua liderança. Segundo Péres, sua atuação eleitoral em 2008 ficará restrita a apoios em seu estado. “Vou apoiar o atual prefeito de Manaus”, disse, referindo-se a Serafim Correa (PSB), que tenta a reeleição.
O líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES), ficará pelo menos até o final de 2008 no posto, de acordo com o sistema de rodízio de líderes. “A princípio são dois anos”, disse Casagrande, eleito no ano passado e cujo único concorrente seria seu outro colega de partido na casa – o senador Antônio Carlos Valadares (SE). À reportagem, o senador declarou que não vai concorrer nas eleições de outubro. Disse que prestará apoio, mas não revelou nomes. “Estamos discutindo ainda. É um processo que se inicia agora, depois do Carnaval. Vamos percorrer vários municípios”, desconversou.
O líder do PR, João Ribeiro (TO), também continua no posto pelo menos até o final deste ano, já que o rodízio da legenda é bienal. “Mas posso ser reconduzido”, declarou à reportagem. O possível prolongamento na liderança seria um importante fator para Ribeiro. “Vou disputar nas eleições de 2010 ao governo do estado [Tocantins]”, antecipou.
O senador declarou ainda que terá muito trabalho durante a disputa eleitoral deste ano. “Vou comandar a oposição nestas eleições, numa grande coligação. Disputaremos nos 139 municípios do estado, de um partido ou de outro, de acordo com os municípios, dentro da coligação.” O atual governador de Tocantins é Marcelo Miranda (PMDB).
Nanicos
O Psol tem apenas um representante no Senado, José Nery (PA). Mesma situação do PCdoB, que tem Inácio Arruda (CE) como único nome; do PRB, cujo representante é Marcelo Crivella (RJ); e do PP, com Francisco Dornelles (RJ). De acordo com o regimento interno da Casa, um partido só pode ser considerado “bancada”, com direito a liderança e às prerrogativas a ela inerentes, com número mínimo de seis parlamentares.
Por esse critério, as legendas-de-um-homem-só e também PSB, PDT e PR só ganham direitos de liderança quando se associam a blocos parlamentares.
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