Amanda Audi e Luísa Marini
Para conquistar eleitores indecisos, oito partidos estão negociando aliança para formar um bloco e lançar candidatura única ao Planalto. O grupo é formado por Podemos, PSC, Patriota, PRTB, PTC, PSDC, Avante e Pros. Com a união, eles terão nas mãos cerca de dois minutos de tempo de televisão e R$ 100 milhões de fundo eleitoral.
Os nomes no páreo para encabeçar a chapa são Alvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello de Castro (PSC) e general Mourão (PRTB). As legendas estão fazendo pesquisas internas para definir qual deles será lançado a presidente e vice. Neste caso, os outros desistirão de suas candidaturas. Uma primeira posição deve ser divulgada já na semana que vem.
O senador Álvaro Dias, pré-candidato pelo Podemos, confirmou que a legenda está negociando alianças com partidos menores e de cunho ideológico parecido, com o objetivo de combater os “carteis” já existentes hoje.
“Esse modelo de presidencialismo de coalizão estendido que quebrou o Brasil”, disse o senador ao Congresso em Foco.
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Segundo Alvaro, os nomes dos candidatos ainda não foram definidos e serão lançados somente após encerradas as negociações entre as legendas.
PublicidadeO grupo tem quatro possíveis candidatos à Presidência, além de Alvaro Dias: Rabello de Castro (PSC), general Mourão (PRTB), Cabo Daciolo (Patriota) e Eymael (PSDC). Pelo menos quatro devem desistir das candidaturas quando a chapa for definida. As mudanças serão feitas até o fim do prazo legal, em 15 de agosto.
Fator Bolsonaro
A aliança mira eleitores incomodados com a polarização entre esquerda e direita e a falta de definição sobre um nome de centro capaz de ganhar as eleições.
Batizado de “Frente Patriota”, o bloco deve defender pautas conservadoras, ligadas à direita, mas assumindo tom moderado. A ideia é que a posição do grupo seja menos radical que a do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Bolsonaro chegou a propor para que general Mourão fosse o seu vice, mas este negou por causa da nova aliança, como o Congresso em Foco mostrou.
Segundo Dias, a possível aliança com Bolsonaro não está sendo considerada porque ele tem “outra proposta”.
“O povo quer nível, não se resolve saúde e educação com metralhadora”, diz o presidente do PRTB, Levy Fidélix, um dos articuladores do bloco, sobre a resistência a Bolsonaro.
“Se ele nos procurar, vamos conversar, mas nos nossos termos”, continuou Fidélix.
Os partidos que compõem o bloco avaliam que Bolsonaro está sendo desidratado e tende a perder força cada vez mais nas pesquisas de intenção de voto. No segundo turno, acreditam, teria pouquíssima chance de vitória.
Fidélix afirma que o grupo será o “verdadeiro centrão” — em alusão ao bloco que assim se autodenomina e que decidiu, nesta sexta-feira (20), apoiar o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB). Para ele, “um conjunto de saqueadores”.
“O Alvaro Dias me ligou no domingo e falou ‘meu filho, me ajuda aqui. Vamos encontrar os caminhos mais viáveis para a terceira via do Brasil’, disse o presidente do PRTB.
Cada partido será liberado para definir coligações diferentes nos estados, de acordo com os acordos das bases, mas deverá manter a união no plano nacional.