* Glauco Humai
A chamada crise da representação política, anunciada pelos teóricos europeus há mais de duas décadas, adquiriu nos últimos cinco anos no Brasil perigosos tons de tragicomédia. Da revolta ao ceticismo e ao desinteresse, corremos risco de permitir que os Poderes se tornem ilhas blindadas de privilégio e corporativismo, desconectadas de sua própria razão de ser.
O único antídoto a essa inversão de valores é a participação da sociedade. Foi a essa conclusão que chegamos eu e um grupo de 40 jovens brasileiros, empreendedores de várias áreas da sociedade, quando decidimos começar a construir o Agora!, no final de 2016. Somos um grupo diverso, formado por empresários, professores, artistas e ativistas de várias partes do Brasil. Em comum, um amor enorme pelo Brasil e uma inquietação: nos perguntamos quem, dos nomes que estavam postos no cenário político, poderia inspirar nossa geração – e as novas – a construir um novo futuro para nosso País. E percebemos que não havia ninguém.
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A mesma sensação que noto nos moradores de Brasília, com quem venho conversando nas últimas semanas. As pessoas não têm referências, não querem votar nas alternativas que aí estão. Poucas, porém, são as que se propõe a fazer algo a respeito.
Resolvemos, então, que nós devíamos colaborar, cada um a partir da sua área de atuação. Havia ali nesse grupo fundador alguns dos maiores especialistas do país em segurança, educação e sustentabilidade. Por que não transformar toda essa expertise em propostas de políticas públicas?
Foi com esse objetivo que o Agora! nasceu. Contamos hoje com 89 integrantes, e pretendemos chegar a 500 até 2018. Queremos ser um instrumento de influência e de ação nos governos, seja em cargos eletivos, seja de administração. Não pretendemos transformar o Agora! num partido político, mas temos a meta de lançar 30 candidatos pluripartidários, em agremiações que partilhem dos nossos ideais.
Acreditamos que a construção de um país mais humano, simples e sustentável passa pela defesa de um Estado com liberdade de competição e livre iniciativa, com políticas de inserção social e distribuição de renda. Defendemos a desburocratização da máquina pública e um sistema de tributação que não penalize os mais pobres.
Acreditamos, sobretudo, no poder de participação da sociedade civil. Na ausência de um candidato com o qual você se identifique, ao invés de desistir de votar, pare e pense: o que eu posso fazer pela minha comunidade? Qual é o maior problema da minha cidade? Eu tenho alguma boa proposta? Quem tem?
Reúna um grupo de pessoas. Saia você candidato, se for o caso, mas não deixe de votar. Encontre uma forma de participar. Quanto menos a gente participa, mais espaço a gente dá pra quem já está lá fazendo com o Estado, com a nossa vida, o que nós não queremos que seja feito. A mudança tem que começar Agora!
*Porta-voz e co-fundador do Movimento Agora! em Brasília. Formado em Ciência Política e Relações Internacionais pela UnB e especialista em Gestão Sustentável de Empresas pela Harvard Business School. Atualmente preside a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)