Parlamentares do PMDB – e até de outros partidos – estão mesmo dispostos a promover a recondução dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Depois de o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ter pedido na sessão plenária de sexta-feira (5) que partidos cedam vagas na CCJ aos peemedebistas excluídos (leia mais), servido de porta-voz a parlamentares como Eduardo Suplicy (PT-SP), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Geraldo Mesquita (PMDB-AC), agora é a vez de a “terceira via” da Câmara, formada por deputados de oposição com atuação independente, se mobilizar em favor do retorno.
Amanhã (9), será oferecido um jantar, com viés de ato de desagravo aos senadores afastados, pelos deputados da “terceira via”. O encontro será na casa do deputado José Aníbal (PSDB-SP). A intenção, além de prestar solidariedade a Simon e Jarbas, é ressaltar a importância que os peemedebistas históricos representam para a política nacional.
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Afastados da CCJ na semana passada pelo líder do PMDB do Senado, com a aquiescência do ex-presidente da Casa José Sarney (PMDB-AP), os senadores falaram ao Congresso em Foco sobre as manifestações de apoio que têm recebido. Simon acusa a “tropa de elite” de Renan Calheiros (PMDB-AL) pela expulsão, alegando que eles não estariam preocupados com a ética e imagem da instituição diante da opinião pública.
“Vejo isso com respeito, fico emocionado com as manifestações de apoio que recebi”, falou Pedro Simon à reportagem, por telefone, da capital Montevidéu (Uruguai), onde está participando de uma reunião do Mercosul. “Estou na CCJ há 25 anos, desde que fui eleito senador pela primeira vez. Acho que as divergências devem existir, mas não para justificar atos irresponsáveis.”
Para Simon, seu afastamento da CCJ é mais um sinal de que as coisas não vão nada bem no Senado. “É importante que se aproveite este momento para a reflexão. Precisamos usar esta oportunidade para sair desta crise em que o Senado se encontra”, avalia Simon, que considera a hipótese de retornar à Comissão caso algum partido ceda sua vaga ou o próprio PMDB reveja sua decisão. “Ainda não recebi nenhum convite formal. Precisamos conversar para então tomar uma decisão sensata. Conversarei amanhã com Jarbas, e então vamos analisar a situação”, sinalizou.
Já o senador Jarbas Vasconcelos aponta a conduta enviesada da cúpula de seu partido, que teria a finalidade de proteger Renan Calheiros, alvo de investigações no Conselho de Ética do Senado. Como se sabe, Jarbas é relator de um dos projetos – já aprovado no CCJ – que impede que senadores sob investigação permaneçam como membros da Mesa Diretora do Senado, da presidência de comissões, corregedoria, e Conselho de Ética (leia mais). Entretanto, caso seja aprovada em plenário, a medida não será retroativa (com a viger em janeiro de 2008), ou seja, não atingiria Renan Calheiros, atual presidente.
“O episódio serve para mostrar a extravagância da direção do PMDB, incluindo a questão Renan. Isso está servindo para mostrar a que ponto chegou o Senado, o nível de degradação da Casa”, resignou-se o senador pernambucano, um dos mais antigos peemedebistas do Congresso.
Em relação ao apoio manifestado pelo senador Cristovam na sexta-feira, Jarbas também vê uma boa chance para o “salvamento” ético – ou a tentativa de – do Senado. “Acho muito importante que o Cristovam tenha feito isso. Assim podemos promover uma contestação a este estado de coisas, a restauração da imagem, da dignidade perdida da Casa”, contemporizou.
Caso não haja revisão da decisão da cúpula peemedebista de excluir Jarbas e Simon da CCJ, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), está decidido a levar a questão à reunião do conselho nacional da legenda, que teria as eleições municipais do ano que vem como foco das discussões. Temer acredita, entretanto, que o afastamento dos senadores da CCJ e a crise Renan Calheiros roubarão as atenções. (Fábio Góis)
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