Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada hoje (13) no jornal O Estado de S. Paulo, mostra que 205 (73%) dos 280 parlamentares entrevistados entre 15 de janeiro e 29 de março desta ano acreditam que os desvios de condutas praticados no Congresso são influência do sistema de “barganha e negociações”. Apenas 21% acreditam que esses desvios são causados por fatores de ordem pessoal.
Intitulada "Perfil do Congresso e Percepção sobre as Reformas e Agenda Política", a pesquisa foi coordenada pelos professores Marco Aurélio Ruediger e Marcio André de Carvalho e teve como objetivo colher as opiniões dos parlamentares sobre temas como corrupção e reforma política.
Foram entrevistados 244 deputados (47,6% do total da Câmara) e 36 senadores (44,4% do total da Casa) de 18 partidos diferentes e das 27 unidades da federação.
Dos ouvidos pela FGV na Câmara, 43,3% são deputados reeleitos e 48,2% são estreantes, eleitos pela primeira vez para o cargo em outubro passado. Na distribuição por partidos, 20% dos entrevistados é do PMDB; 18,6%, do PT; 12,5%, do DEM (ex-PFL); 11,8, do PSDB; 6,1%, do PDT ; 5,7%, do PP; e 5,4%, do PSB.
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Reforma política
Com relação à reforma política, apenas o financiamento público de campanha dividiu a opinião dos parlamentares. Os outros tópicos tiveram um apoio maior dos congressistas.
A fidelidade partidária seria aprovada por 79% dos entrevistados, sendo que 73% dos ouvidos pela FGV defendem a perda de mandato do parlamentar que troca de partido.
Além disso, a mudança do sistema proporcional de votação para a implantação do voto distrital ou distrital misto é apoiada por 61% dos entrevistados. (Soraia Costa)
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Missões oficiais geram gasto de R$ 449 mil para Câmara
Apenas nos primeiros quatro meses da atual legislatura, a Câmara dos Deputados já gastou R$ 449,3 mil com 64 viagens feitas pelos parlamentares para cumprir missões oficiais no Brasil e no exterior. O levantamento foi feito pela Folha de S. Paulo, que colheu os dados junto à assessoria da Câmara dos Deputados.
A reportagem também fala que muitas das missões não tiveram o relatório apresentado no site oficial da Casa, como deveria acontecer em, no máximo, 15 dias após o retorno do parlamentar.
Apesar de ser obrigatório, não há punição prevista para os deputados que não entregarem o relatório.
O excesso de parlamentares que viajam em "missão oficial" já foi motivo, inclusive, de discussão na Câmara. Após a viagem de 11 deputados para a posse do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu (Uruguai), Fernando Gabeira (PV-RJ) chegou a bater boca com o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), dizendo que o número de viajantes era excessivo. Chinaglia foi procurado pela Folha para falar sobre o assunto, mas não houve retorno.
Em cada viagem, os deputados ganham até US$ 350 de diária, nos casos de destinos internacionais. Nestes 100 dias de trabalhos legislativos, 52, das 64 viagens foram para o exterior.