Soraia Costa
Alvo de uma recente campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o acompanhamento dos políticos eleitos ganhou um reforço extra no Paraná. O Sistema de Monitoramento e Avaliação dos Eleitos (SMAE), projeto criado pela Rede de Participação do Empresariado em parceria com a Universidade Federal do Paraná, tem acompanhado a atuação de 89 políticos a partir de notícias publicadas em jornais e revistas de circulação nacional ou regional e de sites oficiais.
“Sempre se fala da necessidade de monitorar os eleitos, mas não há mecanismos, tirando a imprensa, para fazer esse acompanhamento. Por isso, montamos um sistema, que foi lançado dia 15 de dezembro e ainda está na ‘versão beta’”, explica o analista político Augusto de Franco, idealizador do sistema.
O monitoramento considera dez categorias, subdivididas em temas específicos (veja quais são). Cada político monitorado tem uma página própria dentro do site do SMAE. E, em cada página, há um perfil do analisado, os seus contatos, e as matérias relacionadas a ele e já divididas nessas categorias.
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“Esse é um mecanismo que, se crescer e for generalizado, permite uma melhor avaliação do político. Pode ser, inclusive uma boa fonte para a imprensa, que terá acesso a uma ficha corrida dos analisados”, acredita Augusto de Franco. “Porque uma pessoa comum que só assiste à TV não consegue acompanhar nem emitir sua opinião. Principalmente porque o que é divulgado é o aspecto negativo”, ressalta.
Como funciona
Além de reportagens jornalísticas, o projeto também leva em conta as declarações, os projetos de lei apresentados e a participação dos representantes em votações que ajudam a compor o perfil político. Além dos 54 deputados estaduais, 30 deputados federais e os três senadores do Paraná, o monitoramento alcança ainda o presidente Lula e o governador Roberto Requião (PMDB).
Com isso, o sistema faz uma avaliação do cumprimento das propostas feitas durante as eleições, da assiduidade do político e das denúncias feitas contra ele. Opiniões sobre temas polêmicos como pena de morte e aborto e sobre as reformas política, fiscal e administrativa também são monitoradas pelo sistema.
“A idéia é incentivar o cidadão a acompanhar seus representantes. Aquele discurso de que a política é podre e de que os políticos não prestam é tudo o que esses maus políticos querem para afastar o eleitor, pois, assim, eles podem fazer o qualquer coisa sem serem monitorados”, avalia José Marinho, coordenador operacional da Rede de Participação do Empresariado.
No acompanhamento são considerados os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Gazeta do Povo, Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Jornal do Estado, Diário do Norte e O Paraná; a revista Veja; o informativo Documento Reservado; e os sites oficiais da Assembléia Legislativa do Paraná, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Promessa de objetividade
Os responsáveis pelo sistema de monitoramento garantem que, apesar de o projeto ser uma iniciativa dos empresários paranaenses, os critérios de avaliação são objetivos e, portanto, não emitem juízo de valor, pelo menos em sua primeira fase.
“O monitoramento é semanal e leva em conta um conjunto de aspectos. É tudo muito objetivo, classificado e declarado”, afirma o analista político Augusto de Franco, acrescentando que qualquer pessoa, inclusive os próprios políticos, podem fazer comentários sobre o que for publicado.
A cada seis meses, no entanto, os cadastrados na Rede de Participação do Empresariado, que é ligada à Federação das Industrias do Estado do Paraná (Fiep), receberão um resumo sobre cada parlamentar para poder julgar a atuação de cada um deles. Para cada item das dez categorias já citadas acima, os empresários poderão atribuir uma nota de zero a cinco, em que zero é “inaceitável” e cinco é “excelente”.
“São grandes questionários interativos. Vai ter um em junho e um em dezembro. E depois as respostas serão somadas e será divulgada a avaliação ponderada de cada político”, explica Augusto de Franco, que também é colunista da Folha de S. Paulo e autor do livro “Alfabetização Democrática”.
Graduado em Física, o analista diz que o sistema político está desacreditado e que a intenção ao criar o sistema de monitoramento não foi empresarial ou comercial.
“Quando a credibilidade cai demais vira um vale-tudo, e aí acaba o Estado de direito. É o fim da democracia. Tem que ter mecanismos de constrangimento, tem que ter pessoas que elogiam e outras que criticam os políticos, porque quanto mais eles fazem o que querem, mais as pessoas viram as costas e vai se criando um abismo ainda maior. E, se eles não são repreendidos, fazem cada vez pior. Então, estamos fazendo isso não com objetivos empresariais, mas sim para incentivar a participação. Tem que haver cobrança, senão vira ditadura“, argumenta ele.
Repercussão
Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), a iniciativa ajudará a aproximar os eleitos dos eleitores dando uma visão regional para a atuação dos políticos.
“Toda forma de acompanhamento é boa. E essa vem se somar com outros sistemas que já existem como o do Diap [Departamento Intersindical de Assessora Parlamentar], o do Transparência Brasil e até o do Congresso em Foco”, lembra o deputado.
“E esse olhar regional é importante até para estabelecer a agenda dos parlamentares”, completa ele, acrescentando que, com o sistema, os analisados poderão ter uma resposta direta dos eleitores, o que permitirá colher, inclusive, sugestões de demanda.
Além disso, Fruet destaca a importância de haver uma cobrança por parte dos representados. “Esse acompanhamento ajuda imensamente. Dá um retorno, estabelece uma cobrança e pode ajudar a verificar como está sendo percebida a atuação em setores específicos”, avalia o tucano.
Já o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) vê com desconfiança a dita objetividade da análise. “Cada entidade tem interesses políticos para analisar os parlamentares. Para eles, é útil. Mas eles usam os métodos adequado
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