Mário Coelho
Apesar das 192 mortes causadas pela gripe A (influenza H1N1) no país, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse nesta terça-feira (11) na Câmara que não há motivo para pânico, já que o órgão está agindo de acordo com todas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Temporão garantiu que os estados e municípios receberão neste mês 800 mil kits para o tratamentos da doença. As informações foram divulgadas durante debate sobre a doença no plenário da Câmara.
O ministro ressaltou que o ministério retardou ao máximo – por 80 dias – a entrada do vírus da gripe no Brasil e que esse retardamento é um marco importante. Ele afirmou que, neste segundo momento, com o vírus já circulando em território nacional, o atendimento médico-hospitalar tem recebido atenção do ministério. Segundo os dados apresentados pelo ministro, o Brasil possui uma taxa de mortalidade de 0,09, menor que o índice de 0,14 dos Estados Unidos.
Ao comentar as críticas sobre a distribuição do medicamento Tamiflu, Temporão afirmou que a recomendação de evitar o uso indiscriminado do remédio será mantida. Segundo ele, algumas pessoas vêm defendendo a “banalização” do uso do medicamento. “É uma medida perigosa”, disse, ao acrescentar que casos de resistência do vírus Influenza H1N1 ao Tamiflu já ocorreram em países como o Canadá e a China.
Sobre a indisponibilidade do remédio nas farmácias, ele garantiu que a decisão foi tomada pelo ministério em parceria com o laboratório produtor e que a medida é uma das recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “No Brasil, infelizmente, a automedicação é rotina. O cenário cultural cria problemas.”
Produção
Temporão explicou por que o Brasil não está usando o outro medicamento, além do Tamiflu, de combate ao H1N1 – o zanamivir, de nome comercial Relenza. Na época em que os medicamentos foram comprados, o zanamivir não tinha registro no país e agora está sendo guardado de forma estratégica, caso o Tamiflu deixe de ser eficaz. Além disso, o zanamivir é menos prático, pois deve ser aspirado.
Apesar de não produzir o medicamento equivalente, o ministro da Saúde reafirmou que o Instituto Butantã vai confeccionar uma vacina para a gripe A a partir de outubro. De acordo com o presidente do instituto, Isaias Raw, responsável pela produção, o processo para produção da vacina para gripe comum é o mesmo, e será apenas preciso adaptá-la ao novo vírus.