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“O depoimento deixa evidentes os vínculos pessoais, comerciais e patrimoniais do deputado Leréia com Carlos Cahcoeira, chefe da organização criminosa. Isso [quebra de decoro parlamentar] será, claro, analisado pelo Conselho de Ética da Câmara, mas os vínculos são comprometedores”, avaliou Odair, que classificou a situação do colega como “muito similar à do ex-senador Demóstenes Torres”, cassado em julho, acusado de ter usado seu mandato para beneficiar o bicheiro.
Segundo Odair, o relatório final deve ser entregue, no máximo, em três semanas, a tempo de ser votado pelo plenário do colegiado antes do prazo final de funcionamento da CPI em 4 de novembro. “Vamos apresentar o relatório com os dados que tivermos em mãos. A grande maioria dos dados importantes nós já temos e já podemos produzir um relatório consistente”, disse o relator.
No entanto, a CPI ainda poderá ser prorrogada por mais 180 dias. Para isso, é necessário que 171 deputados e 27 senadores assinem um documento pedindo a prorrogação dos trabalhos. O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) iniciou a coleta de assinaturas hoje. Segundo ele, quatro deputados e três senadores já assinaram. “Ainda é muito pouco, mas estamos apenas começando”, disse.
No início da reunião de hoje, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) marcou para a próxima terça-feira (16) uma reunião com os líderes partidários para discutir a questão. Porém, Randolfe avalia que tal encontro é inócuo. “A deliberação da CPI por si só não sustenta a prorrogação. Precisamos das assinaturas. Por isso, seja qual for a decisão na semana que vem, continuaremos recolhendo apoio”, disse.
PublicidadeMesmo com o Congresso funcionando ainda em esforço concentrado, devido às eleições municipais, Randolfe acredita que não será difícil preencher o número total de assinaturas. “Basta querer”, disse.
No entanto, há uma possibilidade aventada nos bastidores de que deputados e senadores operem para encerrar a CPI logo após a apresentação do relatório final. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, PT e PMDB operam um acordo para que as investigações sejam encerradas. Segundo um dos parlamentares membros da CPI, governo e oposição temem o que pode ser revelado com o avanço das investigações. O governo teme que as relações da empresa Delta, maior empreiteira do PAC, revele relações políticas ilícitas e a oposição teme que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) seja ainda mais envolvido no esquema.
Odair rebateu as acusações e disse que não há acordo nenhum. “Estamos no Congresso Nacional. Aqui as decisões são colegiadas e é claro que os partidos estão discutindo a necessidade ou não de prorrogação da CPI. O que posso afirmar claramente é que não há acordo nenhum. Vamos produzir uma reunião com os líderes partidários para decidir isso”, afirmou. Questionado se é a favor ou contra a prorrogação, o deputado se esquivou e disse apenas que a decisão será colegiada.