Tiago Costa *
A crise de representatividade invadiu todas as esferas do poder no Brasil, brincaram com a democracia e subestimaram o poder de reação de um povo de uma cultura pouco acostumada a se manifestar nas ruas e cobrar seus representantes. A matemática político-partidária do efeito “Tiririca”, que se elege e traz consigo raposas velhas, sempre esteve acima de ideologias, vocação ou capacidade de assumir um mandato tão importante para todos nós.
Contudo, em contrapartida, temos aquela cultura do jeitinho brasileiro, ou seja, da vantagem sobre os outros. Leiloamos nossos votos e muitos torcem para chegarem as eleições para pedirem de tudo. Vendem o voto descaradamente. Sinto-me um privilegiado de fazer parte dessa geração que está lutando pela real democracia, sem o partidarismo que cega e leva o indivíduo a perder a vergonha na cara. E a fingir que o mensalão não existiu, que o propinoduto tucano é ficção, que as máfias dos sanguessugas e dos anões do orçamento são invenções. Ou que nunca houve PC Farias, Fernando Collor e “Maluf rouba mas faz”.
Tudo isso porque perdem suas convicções como se os partidos fossem deuses. Por isso, a necessidade de derrubar muita coisa e reformar aquilo que ainda sobrou de positivo. Depois da votação pela não cassação do deputado presidiário Natan Donadon, vemos que o precedente é perigoso, pois logo virão mensaleiros condenados.
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Ainda temos uma crise institucional entre os Poderes da República, em que a Justiça é barganhada, as negociatas calculadas e os poderes são entrelaçados em favorecimentos. Enquanto isso, nós assistimos a todo o circo chamado “Democracia”.
Democracia de quem e para quem? Para nós? Não! Para eles! Carga tributária de 35% do PIB e salário mínimo de 600 e poucos reais para nós; para eles, R$ 15 mil, mais benefícios de uns 20 mil, aviões da FAB, Bolsa Copa, fora os agradinhos, mensalinhos, propinodutos, 10% de licitações, etc…
Os reis ainda escravizam o povo, mas sob o manto de uma democracia em prol deles próprios, enquanto, para nós, cidadãos, SUS, hospitais, escolas, ensino, segurança, saúde, emprego, o caos! Por isso, o debate limpo sem prendimento a interesses pessoais e partidarismo cego é essencial. Por isso, a importância de participarmos desse momento histórico e deixarmos nosso nome cravado neste solo: eu lutei!
* Advogado, 32 anos, é especialista em Direito Tributário pela PUC-Campinas. Mora em Mogi-Mirim (SP).