Mário Coelho
A declaração dada pelo presidente Lula ontem (30) – “o Senado não é problema meu” -, irritou membros da oposição na Casa. Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o petista abandonou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), alvo de uma série de denúncias e, até então, protegido por Lula.
“Não é a primeira vez que Lula faz isso. É o estilo dele abandonar aliados nas dificuldades”, disse Virgílio. O tucano citou como exemplos o processo de cassação do hoje líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL) – “quando ficou pedindo voto para não ser cassado no plenário” -, e as denúncias enfrentadas por Romero Jucá (PMDB-RR) na época que ocupava o cargo de ministro da Previdência.
“Para Lula, só interessa que a sucessão do Sarney na presidência do Senado não seja inóspita ao governo, que não atrapalhe o poder de governança dele e a garantia de que o PMDB não irá deixar a base se sustentação”, afirmou Virgílio.
Em entrevista coletiva, Lula disse que são os senadores que devem decidir o futuro do presidente do Senado. Questionado por jornalistas, ele afirmou que, como não votou no peemedebista tanto para a Casa como para o comando do Legislativo, não tem qualquer poder de decisão. “Não é um problema meu [a crise no Senado]. Eu não votei para eleger o presidente Sarney presidente do Senado”, afirmou.
Denúncias
Virgílio anunciou na manhã desta sexta-feira (31) que poderá entrar com uma denúncia ou, se apoiado pelo partido, com mais uma representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, desta vez contra Renan Calheiros, por quebra de decoro parlamentar. O peemedebista teria informado ontem que o PMDB protocolará na próxima semana uma representação contra o líder tucano.
Para Arthur Virgílio, Renan Calheiros quebrou o decoro parlamentar ao fazer esse anúncio, que para ele seria uma forma de “intimidação”. A medida seria uma resposta do PMDB às três representações protocoladas pelos tucanos contra o presidente do Senado, José Sarney, no Conselho de Ética. Além de outras três denúncias apresentadas individualmente por Arthur Virgílio, duas delas assinadas em conjunto com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
“Houve uma visível quebra de decoro parlamentar por parte de Renan, pois ele anunciou que só me denunciaria no Conselho se os interesses dos grupos dele fossem contrariados. Se não fosse, não denunciaria. Renan usou um tom de ameaça. Ele está retaliando o PSDB e a mim porque não me calei contra essa máfia que se instalou no Senado. Ele avisou: não se meta com a minha máfia que não me meto com você. Ele quebrou o decoro de forma lamentável”, disse o tucano, de acordo com a Agência Senado.
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