“Agora, como ministra eu não tenho uma avaliação, mas estou recebendo os resultados da comissão de transição e eu diria que não foi tão boa quanto ela foi prefeita da cidade. Ela se voltou contra mim – porque na verdade eu não estou na linha de tiro dela, vocês viram a entrevista do Estadão que não é comigo o conflito -, é porque eu fui mais aplaudido do que ela em um evento cultural”, disse Ferreira, referindo-se à entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo.
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Juca disse também que conheceu a petista quando retornou do exílio, após a anistia concedida pelo regime militar. Na época, Marta participou do programa TV Mulher, na TV Globo, com apresentadores como Marília Gabriela, Ney Gonçalves Dias e Clodovil Hernandez. “Quando voltei do exílio, Marta tinha um programa de televisão e fiquei fã dela pela coragem dela em defender a sexualidade feminina e o direito ao orgasmo, coisa que era um tabu no Brasil”, disse Juca.
De acordo com o Estadão, Marta encaminhou à Controladoria-Geral da União (CGU) documentos que sugerem irregularidades em contratos de R$ 105 milhões firmados por Juca durante sua primeira passagem pela pasta. As suspeitas recaem sobre a relação do ministério com uma entidade que presta serviços à Cinemateca Brasileira, órgão vinculado à pasta com sede em São Paulo. O uso dessa verba está entre os “desmandos” que a senadora paulista alegou terem sido cometidos pelo ex-titular da pasta assim que foi anunciada a volta de Juca à Cultura.
Sobre esta acusação, Juca disse ter se sentido “agredido” por Marta. Ele acredita ser um “alvo eventual” na briga da senadora com o PT e com Dilma. “Me senti agredido com a irresponsabilidade como ela tratou uma pessoa honesta, com quase 50 anos de vida pública e que não tem um desvio sequer (…) Eu sou um alvo eventual. Ela quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma paróquia (…) O problema dela é com o PT, com a presidente da República e com o desejo já de algum tempo de ser candidata. Ela está manifestando um mau humor”, disparou.
Recursos
No discurso durante a transmissão de cargo, Juca assumiu compromissos como aprimorar o sistema de financiamento da cultura, modernizar a legislação de direitos autorais e buscar aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Cultura. “Seria um grande passo conquistarmos essa aprovação”, disse Juca. A proposta prevê repasse anual (de receitas resultantes de impostos) de 2% do orçamento federal, de 1,5% do orçamento dos estados e de 1% do orçamento dos municípios para a cultura.
Sobre mudanças no atual sistema de financiamento do setor, o novo ministro prometeu, para os próximos meses, um esforço conjunto com o Congresso Nacional para aprovação do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (ProCultura), previsto para substituir a Lei Rouanet.
“A cultura brasileira não pode ficar dependente dos departamentos de marketing das grandes corporações. Queremos mais investimento na cultura, e esta também deve ser uma das responsabilidades sociais da iniciativa privada. Queremos que a conta seja paga com responsabilidades partilhadas.”
Com informações da Agência Brasil