Com o tema “Xingu, o clamor que vem da floresta”, o samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, tradicional escola do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, tem desagradado entidades de classe ligadas a agropecuária e políticos do Congresso. O líder do Democratas (DEM) no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou nesta quinta-feira (12) que vai propor sessão temática no plenário da Casa para investigar o que ele chamou de “ataques” feitos ao agronegócio na letra do samba.
Por meio do tema, a agremiação pretende fazer uma crítica ao setor agropecuário e contar a história de luta dos povos indígenas contra o desmatamento. Um dos trechos do samba-enredo diz: “O belo monstro roubas as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios. Tanta riqueza que a cobiça destruiu. Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelho de dor, o meu canto é bravo e forte, mas, é hino de paz e amor”. A proposta desagradou agricultores e pecuaristas.
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Indignado, o parlamentar afirmou que o samba-enredo “denigre a imagem do setor com calúnias generalizadas sobre a atuação da classe rural brasileira, respeitada mundialmente pela eficiência e tecnologia aplicadas, além de ser responsável há vários anos pelo saldo da balança comercial do país”.
Caiado quer propor a realização da sessão logo no início dos trabalhos legislativos, após a eleição da Mesa Diretora, no dia 2 de fevereiro. O senador tenta articular para que o assunto entre na pauta da Casa antes do carnaval. O congressista também pretende identificar os patrocinadores do enredo para apurar o caso. “Há tantos graves problemas que o país passa, como a violência, o tráfico de drogas, as facções criminosas e uma escola de samba se ocupa em difamar o setor que deveria ser enaltecido e homenageado na Marquês de Sapucaí”, argumenta.
As alas da escola estão divididas e batizadas por “fazendeiros e seus agronegócios”, “a chegada dos invasores”, “olho de cobiça” e “pragas e doenças”.
A Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), por meio de nota, destacou que repudia o samba-enredo e critica “a abordagem generalista proposta pela Imperatriz Leopoldinense sobre o produtor rural, não separando o “joio do trigo”, é incorreta, injusta e inadequada, com viés tipicamente alarmista característica da linha de pensamento pseudo ambientalista”.
PublicidadeNo site oficial da Imperatriz, a escola afirma que a escolha foi uma homenagem ao Parque Nacional Indígena do Xingu, localizado ao norte do estado de Mato Grosso, numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Floresta Amazônica.