Renata Camargo
A pancadaria da Polícia Militar contra manifestantes do “Fora Arruda” no Distrito Federal no último dia 9 de dezembro, Dia Internacional de Combate à Corrupção, gerou, pelo menos, 15 mobilizações instantâneas. O movimento Brasília é limpa, passe o branco no verde do Arruda, criado após as cenas de agressão da cavalaria na capital federal, usou torpedos SMS, e-mails e outros meios rápidos de comunicação para realizar protestos flashes.
Veja o vídeo da pancadaria na manifestação do Fora Arruda
O objetivo principal do movimento é o impeachment do governador do DF, José Roberto Arruda (sem partido) e do vice, Paulo Octávio (DEM). O grupo, porém, tem por trás do movimento uma proposta mais abrangente: eles querem aumentar o custo da corrupção, ou seja: querem tornar mais constrangedora, mais penosa, a vida do político que é pego desviando dinheiro público. Um dos principais líderes do movimento tem um nome que é quase um trocadilho: Marcelo Facchina, 25 anos. A pronúncia correta de seu nome, de origem italiana, é “Faquina”. Mas bem poderia mesmo ser “Faxina”. Porque é uma faxina o que ele pretende com seu movimento, não por acaso batizado de “Brasília é Limpa”. “O custo de roubar hoje no Brasil é muito pequeno. Se as pessoas passarem a realmente entender o processo de corrupção como um problema (…), o político vai precisar de um discurso mais sólido”, disse Facchina, em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Um discurso mais sólido significa, entre outras coisas, adotar justificativas mais coerentes do que declarar que R$ 50 mil recebidos como propina foram usados para comprar panetones. O movimento quer abrir os olhos da população para que os eleitores tenham uma postura mais crítica diante dos políticos. “Quando se trata do debate político, pessoas que muitas vezes se indignam não fazem de fato alguma coisa a respeito. Daí a necessidade de se criar mobilizações diferentes, para as pessoas perceberem que, quando você faz um debate de ideias, você está fazendo política”, explica Marcelo.
O formato usado pelo grupo foi o de flashmobs – mobilizações instantâneas em um local público para realizar determinada ação inusitada. Durante dez dias, a partir do dia 9 de dezembro, o grupo realizou suas atividades. As pessoas combinavam a ação em reuniões no dia anterior, comunicavam amigos e conhecidos e se encontravam no local combinado para um protesto flash.
Entre as atividades, os manifestantes interpelaram pessoas na rua e perguntaram: “O que elas fariam se seu filho, Arrudinha, roubasse panetone do mercado?”. Fizeram também ações como o Telemarketing Vem para a Luta – onde os participantes discaram números aleatórios e sugeriram ações para as pessoas protestarem de casa – e o Leilão Fora Arruda, em que pessoas na rua davam lances para acertar a data da saída de Arruda do governo.
Assista aqui a vídeos das atividades do movimento
“Percebemos que as pessoas acolhem as mobilizações. Dificilmente elas são refratárias a esses tipos de ação”, concluiu Marcelo. Por ser uma proposta de movimento flash, o grupo se desfez no último domingo (20). Os participantes devem agora entrar em recesso e retomar atividades a partir do dia 11 de janeiro. A intenção é que cada participante crie uma nova linha de mobilização. Os manifestantes querem de presente de Natal “um governo novo” para o DF.
Acompanhe o site do movimento Brasília é Limpa
Leia entrevista exclusiva com Marcelo Facchina
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