Não é verdadeira a versão de que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deixou o cargo por se sentir "sem condições políticas" de desempenhar suas funções. Segundo apurou o Congresso em Foco, o que ocorreu foi exatamente o contrário.
Até o último momento, Palocci tentou evitar o afastamento em circunstâncias tão constrangedoras: envolvido no vazamento de dados bancários de um trabalhador que o desmentira.
O presidente Lula não aceitou, porém, que Palocci deixasse o governo apenas na sexta-feira, quando poderia atribuir a entrega do cargo ao fim do prazo de desincompatibilização para os candidatos às eleições de 2006.
Muito irritado com todo o episódio e responsabilizando o Ministério da Fazenda pelo vazamento das informações bancárias do caseiro Francenildo Santos Costa, Lula optou pela solução mais radical (a saída imediata do Palocci), com o objetivo de pôr fim o mais rápido possível ao desgaste causado pelo episódio.
Também está certo o afastamento do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que admitiu à Polícia Federal que passou os dados de Francenildo ao ex-ministro da Fazenda. No Palácio do Planalto, no entanto, há muito mais simpatia em relação ao comportamento de Mattoso, que teria sido "traído" pela atitude da assessoria de Palocci, a quem o grupo mais próximo a Lula responsabiliza pelo vazamento das informações sigilosas para a revista Época.
Leia também
Os defensores de Mattoso não apenas sustentam que ele agiu por ordem de Palocci como alegam que ele teria repassado os dados à Fazenda para abertura de procedimento investigatório no Coaf, órgão ao qual cabe examinar movimentações financeiras irregulares.