Após quatro horas de depoimento, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deixou ontem a Corregedoria da Polícia Civil em Brasília indiciado por quatro crimes: lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e peculato (corrupção praticada por servidor público no exercício da função). Palocci foi prestar esclarecimentos no inquérito que investiga irregularidades na contratação de empresas de varrição pela Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) quando ele era prefeito do município. Esta é a segunda vez, em menos de um mês, que Palocci é indiciado numa investigação criminal. A primeira foi pela Polícia Federal pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
No interrogatório, o ex-ministro negou que tenha exercido influência na contratação das empresas de limpeza pública da cidade. O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, criticou o pedido de indiciamento. “Esse indiciamento é um absurdo jurídico. É uma heresia jurídica”, afirmou.
O promotor do Ministério Público de São Paulo Daniel de Angelis, que acompanhou o depoimento, disse que Palocci atribuiu toda a responsabilidade pelos contratos à ex-superintendente do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) Isabel Bordini. Desde o fim do ano passado, ela ocupa um cargo de confiança na Companhia de Água e Esgoto de Brasília (Caesb). Angelis confirmou que não existem provas matérias irrefutáveis contra Palocci. Segundo ele, embora existam indícios comprometedores, ainda é cedo para extrair conclusões definitivas.
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O ex-ministro afirmou que Bordini – que ainda será ouvida no inquérito – tinha completa autonomia para gerir esses contratos. Angelis avisou que Palocci pode enfrentar uma acareação com a ex-superintendente.
O promotor ressaltou que, independentemente do que dissesse no depoimento, Palocci seria indiciado, conforme requerimento prévio do delegado Benedito Valencise, que preside o inquérito em Ribeirão Preto.
Valencise suspeita de um possível desvio de R$ 30 milhões nos contratos de coleta de lixo da prefeitura, firmados em 2001. O advogado de Palocci ressaltou, porém, que o contrato investigado fora assinado pelo antecessor do ex-ministro na prefeitura.
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