Dois dos ministros mais próximos do presidente Michel Temer são suspeitos de ter recebido propina da Odebrecht no período em que comandavam a Secretaria da Aviação Civil, ainda no governo Dilma. As denúncias deverão ser apuradas em inquérito a ser aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações de 77 executivos da maior empreiteira do país. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com a reportagem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, aparece como alvo central em pelo menos três pedidos de abertura de inquérito. Um deles também atinge o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. O caso em comum, segundo o repórter Jailton Carvalho, apura a suspeita de cobrança de propina relacionada à concessão de aeroportos.
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Em sua delação, o ex-diretor de Assuntos Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho menciona diversas tratativas sobre aeroportos no Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. Conforme O Globo, em um dos trechos da delação, o executivo falou sobre um pedido de dinheiro que Moreira Franco teria feito a ele em reunião na Secretaria de Aviação Civil em 2014. Melo disse que repassou a demanda ao então presidente de Infraestrutura do grupo, Benedicto Junior.
“Transmiti essa demanda a Benedicto Junior, já que, evidentemente, um pedido de ministro para realizar um pagamento de dinheiro poderia nos trazer prejuízos em caso de não atendimento ou, ainda, vantagens em caso de atendimento. O fato é que pagamentos ocorreram em razão de um pedido feito por um ministro de Estado em ambiente institucional e por ocasião de uma reunião de trabalho”, relatou o executivo.
De acordo com o delator, os pedidos de dinheiro continuaram com Padilha, sucessor de Moreira Franco na Aviação Civil no governo Dilma. “Algumas vezes fui cobrado por Eliseu Padilha a respeito do pagamento que havia sido solicitado por Moreira Franco. Novamente transmiti a Benedicto Junior o pedido. Ficou clara a existência de correlação entre a quantia em dinheiro almejada e o cargo de ministro de Estado ocupado pelas duas pessoas que, em momentos distintos, fizeram o mesmo pedido”, disse o executivo.
PublicidadeSegundo O Globo, os depoimentos sobre pagamento de propina na concessão de aeroportos trazem mais detalhes contra Padilha do que o episódio em que o ministro da Casa Civil é acusado de ter intermediado o repasse de R$ 10 milhões para financiar campanhas do PMDB, em jantar com o presidente Michel Temer e Marcelo Odebrecht. Moreira Franco disse ao jornal carioca que já contratou advogado e “prestará todos os esclarecimentos na esfera judicial tranquilamente”. Padilha não retornou o contato.