Edson Sardinha
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse hoje (10) que é uma “montagem” o documento em que aparece a assinatura dele atestando a idoneidade de uma entidade acusada de ter captado ilegalmente R$ 3,1 milhões do Ministério do Turismo. Em entrevista coletiva, Padilha afirmou que informou ainda ontem o presidente Lula sobre o caso, abriu uma sindicância para apurar o episódio na secretaria e pediu ao Ministério da Justiça que investigue a denúncia por meio da Polícia Federal.
“Quero saber quem fraudou e montou um documento com assinatura de um ministro de Estado”, declarou. Segundo ele, sua assinatura foi escaneada, o endereço eletrônico da secretaria informado na declaração é falso e o número atribuído à carteira de identidade não confere com o documento dele. “A minha assinatura é disponibilizada na rede mundial de computadores”, ressaltou.
Embora tenha evitado criticar o Ministério do Turismo, Padilha sugeriu aos jornalistas que procurassem a pasta para saber por que o documento foi aceito. “Acho que vocês devem procurar o Ministério do Turismo para ver a finalidade do documento lá, quando foi apresentado”, afirmou. “O que eu declarei ontem ao Ministério do Turismo é que não assinei o documento”, acrescentou.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o instituto Inbrasil foi usado para intermediar sem licitação convênios com o governo federal, mas só existe no papel. Para receber recursos do Ministério do Turismo, a entidade teve de apresentar ofício de três pessoas atestando que o instituto funciona regularmente há pelo menos três anos.
Segundo o Estadão, o Inbrasil está registrado na casa de um publicitário, em Brasília, identificado como diretor fiscal da entidade. A reportagem afirma que o instituto serve para turbinar os negócios da empresa do filho do publicitário, André Fratti Silva, militante do PT.
A empresa, informa o jornal, recebeu R$ 1,1 milhão para realizar o Festival de Inverno de Brasília e tem a liberação de outros R$ 2 milhões para um projeto ainda não executado relacionado aos 50 anos de Brasília. Uma ex-assessora de Padilha contou ao Estadão que pediu ao ministro, por telefone, que assinasse o documento sobre a idoneidade do Inbrasil.
“Quero mostrar minha indignação com o arquivo em PDF que recebi ontem do jornal O Estado de S. Paulo, que tem nesse arquivo uma declaração com evidências claras de montagem e uma assinatura escaneada nesse arquivo reconhecendo uma entidade sobre recursos do Ministério do Turismo”, declarou o ministro das Relações Institucionais. “Não conheço essas pessoas, não tenho nenhuma relação com essas pessoas”, afirmou.
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