O assassinato da vereadora Marielle não foi apenas mais um episódio da violência urbana que predomina em nosso país. Representa um atentado à democracia, pois sendo uma representante popular, reproduzia, a partir de si, as ideias de muitos. Marielle foi a mulher mais votada nas últimas eleições municipais brasileiras e sua voz ecoava para além do seu eleitorado. Era personagem forte no Brasil e no mundo por tudo aquilo que representava.
Negra que saiu das estatísticas negativas destinadas ao povo negro, a partir da luta, do estudo acadêmico de alto nível e da representatividade democrática. Assassinada, volta a fazer parte dos números que envergonham o nosso país: a cada 100 vítimas de homicídios no Brasil, 71 são negras.
O Atlas da Violência 2017, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, demonstra outros números alarmantes: homicídios de negros cresceram 18,2% em 2017; assassinatos de não negros diminuiu 12,2%; policiais negros representam a maioria das vítimas nas corporações; pessoas mortas em intervenções policiais são majoritariamente as negras, 76%; e as mulheres negras também representam 65% das vítimas de homicídio, com aumento de 22% em 2017. Quando estudamos fatos sociais, não podemos falar em coincidência.
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É por tudo isso que a morte da Marielle precisa estar na pauta da política brasileira. Não para a tristeza que nos toma essa semana, mas sim para que as ideias que representava sejam ouvidas ainda mais fortemente. Marielle continuará viva. Isso é certo.
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