Diego Moraes
Dono das mais rentáveis contas de publicidade de Minas Gerais, o empresário Marcos Valério era um cidadão com muito crédito na praça. Entre os 26 principais depositantes de suas 68 contas bancárias, os maiores eram os bancos do Brasil, Santander, Rural e BMG. Juntos, eles repassaram mais de R$ 380,44 milhões ao empresário – cerca de R$ 68,85 milhões em empréstimos bancários.
O Banco do Brasil fez o maior volume de repasses: R$ 322,55 milhões. Desse total, R$ 21,03 milhões foram empréstimos. Dos R$ 34,260 milhões que o Banco Rural depositou na “conta-mãe” do empresário, R$ 18,929 milhões também eram de empréstimos. O Santander remeteu R$ 10,95 milhões para as contas do empresário, e o BMG concedeu R$ 3,5 milhões de crédito a Valério.
Além dos empréstimos, os bancos depositaram outros R$ 15,33 milhões cuja origem ainda não foi identificada pela CPI. Todo o montante de recursos ficava concentrado na conta 2.595-2 no Banco Rural, aberta em nome da SMP&B. Depois, era distribuído entre as contas que Valério mantinha espalhadas em outros 12 bancos. De acordo com a contabilidade da SMP&B, entregue pelo empresário à CPI, a agência repassou mais de R$ 55,941 milhões em empréstimos para o PT.
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Estatais
As empresas estatais, órgãos de governo e até mesmo a Câmara dos Deputados também se destacam como grandes depositantes nas contas de Valério. O Banco de Brasília (BRB), onde o empresário mantinha uma conta para captar recursos de clientes no Distrito Federal, recebeu R$ 131,64 milhões em repasses de instituições públicas que tinham contrato com as agências SMP&B e DNA.
Os contratos do empresário com a Secretaria de Fazenda do DF geraram cerca de R$ 64 milhões em serviços de publicidade. Os Correios, uma das empresas que mais estiveram sob suspeita ao longo da crise, depositaram mais de R$ 36 milhões na conta de Valério no BRB. A Câmara dos Deputados repassou R$ 8,94 milhões. Já os contratos da SMP&B com a Câmara Legislativa do DF geraram uma receita de R$ 7,9 milhões.
O Tesouro Nacional, órgão responsável por pagar as despesas da União, depositou R$ 40,7 milhões na conta do empresário, referentes a pagamentos de contratos de publicidade com os ministérios do Trabalho e dos Esportes. As Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) depositaram cerca de R$ 27,71 milhões.
O governo de Minas Gerais, que também tinha contratos com as agências de Valério, repassou R$ 5,36 milhões para as contas do empresário no Banco do Brasil. A Agência Goiana de Comunicação (Agecom), ligada ao governo de Goiás, depositou R$ 1,35 milhão para Valério no Banco Rural. A quebra de sigilo telefônico do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares revelou vários contatos telefônicos dele com a Agecom.
De acordo com os dados da sub-relatoria de movimentação financeira da CPI, a DNA Propaganda responde por 88,51% da movimentação financeira nas contas das empresas de Valério no Banco do Brasil.
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