Neste mês de agosto, a União Nacional dos Estudantes (UNE) completa oito séculos de atuação em defesa da classe estudantil e, mais ainda, das bandeiras democráticas. Os versos e a música do hino da UNE, feitos pelo poeta Vinícius de Moraes, resumem bem a forma como segmentos importantes da nossa sociedade viam a instituição na sua “infância”. E ainda hoje veem sua passagem ao longo de todo esse tempo, renovando-se e deixando referências de luta pelas liberdades democráticas e pela educação no Brasil: “A União Nacional dos Estudantes… sempre na vanguarda, trabalha pelo Brasil. A nossa mensagem de coragem é que traz um canto de esperança num Brasil em paz…”
É uma honra para mim relembrar a história da União Nacional dos Estudantes. E honra maior é ter feito parte de sua trajetória e protagonizado momentos de sua luta ao lado de outros companheiros. Eu era muito jovem, quando escutei as primeiras histórias sobre a UNE, na minha casa, todas contadas por meu pai – Seu Aurélio –, militante socialista na Bahia. Ele me falava sobre a luta dos estudantes contra o nazi fascismo. Falava sobre o esforço dos universitários para que o Brasil entrasse na Segunda Guerra ao lado da União Soviética, da Inglaterra e Estados Unidos para combater o nazi fascismo, representado pela Alemanha, Itália e Japão. Contava, ainda, que os estudantes arrecadaram fundos e ofereceram três aviões à Força Aérea Brasileira. E lembrava a luta da UNE em defesa das riquezas nacionais, especialmente sua participação na campanha o Petróleo é Nosso, que culminou com a criação da Petrobrás, em 1953.
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Na década de 1960, quem poderá esquecer a luta da UNE Volante que percorreu o Brasil, levando as teses das reformas sociais, contando com o apoio do governo João Goulart. Quem poderá esquecer, também, do protagonismo desta entidade estudantil na luta para impedir o golpe de 1964 que instalou uma ditadura militar que vigorou por duas décadas. E o mais emblemático e triste símbolo daquele momento: o incêndio da sede da UNE na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Somente 52 anos depois é que a UNE conseguiu reinaugurar sua sede, garantindo a preservação da memória daqueles jovens que entregaram a própria vida em defesa da democracia em nosso país. Nunca esqueceremos os estudantes assassinados pela ditadura, como Edson Luís e Honestino Guimarães. A esses – nossas sinceras homenagens.
Foi essa herança de luta e essa vocação intrépida pelas liberdades que fizeram com que a juventude estudantil da década de 1970, na qual me incluo, reconstruísse a UNE na Bahia, em 1977, e realizasse eleições diretas, alcançando estudantes de todo o território nacional. Ali, na minha terra, os estudantes ergueram bem alto a bandeira da educação, das liberdades democráticas e pela anistia ampla, geral e irrestrita. E, desde então, ninguém segurou mais a estudantada brasileira: fomos à luta pelas eleições diretas, na memorável campanha das “Diretas Já”. Em seguida, apoiamos Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. E somente em 1985, a UNE foi reconhecida legalmente.
Hoje, vivemos outro momento. Com menos ditadura, mas não com menos golpes. E as mais recentes bandeiras: contra o impeachment da presidenta Dilma; contra a PEC do Teto dos Gastos; contra as reformas do ensino médio; trabalhista e agora da Previdência; e até pelo Fora Temer têm, na representação estudantil, a marca do desejo de milhões de estudantes de ver um Brasil mais democrático, mais plural, menos violento, mais democrático e com mais justiça social e desenvolvimento.
A tradição da luta democrática habita a UNE. Não existe causa mais importante para esta instituição estudantil do que as liberdades democráticas. E é essa luta pela democracia que articula a UNE historicamente com os jovens de outras gerações, que não apenas choravam pelo futuro do Brasil, mas buscavam força na esperança de um futuro promissor para o nosso país. E o continuam fazendo!
A UNE, do alto de seus 80 anos, mantém-se ativa na luta pela democracia, posicionando-se sempre firme contra o desmantelamento da educação, em defesa da manutenção do estado de direito e por uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras. Afinal, como diz o hino: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!”.
Sim senadora. A UNE representa muito bem a decadência da educação brasileira. Um ninho de pelegos vagabundo sem eira, nem beira. Vá criar vergonha nessa cara de pau senadoreca.
Que UNE? Basta ver a REALIDADE da Educação do País e a UNE de hoje, mal conduzida por politicagem da espécie, presta-se tão somente a desvirtuar a sua missão. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um ranking mundial de qualidade de educação. Entre os 76 países avaliados, o Brasil ocupa a 60ª posição. Essa é a UNE que políticos da espécie querem! Faça-me um favor Senadora!!! Ainda bem que Agosto passou e já estamos em SETEMBRO com novas perspectivas!!!
Em 1964 eu acabara de entrar para a faculdade de medicina na UFRJ e via exatamente quem eram os estudantes representantes da UNE. Nada mudou de lá pra cá. Aliás, só pra não deixar passar, viva 31 de Março de 1964. Eu estava lá.