Em 2015, ano em que manifestantes a favor e contra o impeachment se enfrentavam Brasil afora, o Ônibus Hacker, organização que visa promover a troca de conhecimentos em viagens pelo país, passou por Brasília. Curiosa para descobrir se os manifestantes de ambos os lados sabiam as consequências de suas demandas, Julia Carvalho e seus colegas de viagem decidiram criar um jogo sobre as regras da política brasileira.
Dessa forma nasceu a ideia do Fast Food da Política, organização que propõe jogos rápidos para ensinar aos cidadãos como entender melhor as estruturas do sistema político e eleitoral brasileiro.
Leia também
Desde então, a organização passou a desenvolver jogos para ensinar quais são os mecanismos da política e do Estado brasileiro e como eles funcionam. Segundo o consultor de conteúdo da organização, Bruno Bonini, Júlia, que hoje é sócia-diretora da organização, já tinha desenvolvido um jogo semelhante quando cursava a faculdade de design. “Nessa viagem ela tinha duas perguntas: será que as pessoas que estão pedindo o impeachment ou que estão contra o impeachment sabem realmente quais são as regras? E será que o jogo é uma boa ferramenta para que elas possam entender?”.
PublicidadeJulia passou então a testar os jogos e constatou que ambos os lados não sabiam exatamente quais as regras e que os jogos trabalhavam, de uma maneira lúdica e “sem ódio”, como ele mesmo descreve. “Ele [o jogo] cria um ‘metambiente’ que possibilita que as pessoas discutam apenas o que está sendo tratado no jogo”, explica Bonini.
Em novembro do ano passado, a organização ganhou o prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social na categoria Educação pelo projeto.
Os jogos, disponíveis para download no site mediante preenchimento de um formulário, se dividem em duas categorias até o momento, a que dá nome ao projeto e o Molho Especial. Enquanto a primeira foca em jogos rápidos para entender as esferas e poderes que compõem a política nacional; o Molho Especial aborda mulheres na política, para explicar a representatividade feminina na política brasileira. Há ainda um outro programa, chamado “Slow Food”, ainda em fase de desenvolvimento, para aprofundar os conhecimentos e iniciar a formação política.
No início de maio deste ano, a organização lançou uma campanha de financiamento coletivo para confeccionar e distribuir kits de jogos sobre as eleições. O objetivo é arrecadar R$ 50 mil até o dia 17 de junho para que a ideia saia do papel. “Nós queremos que haja um kit em cada estado, pelo menos”, diz Bruno.
“Por não sermos uma organização muito grande, a gente tem dificuldade de ir um pouco mais longe. Mas até por isso, nós fazemos os nossos cursos de multiplicadores, e tivemos pessoas de outros estados virando multiplicadores”, completa Bruno.