Editorial do Congresso em Foco: a rendição do Parlamento ao chiqueiro da política
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A eleição está marcada para as 10h. Para vencer, o candidato precisa ter pelo menos 41 votos do quórum presente. Isso é metade mais um do total de senadores em mandato. Caso nenhum dos dois atinja este número, haverá segundo turno. Depois, o novo presidente convoca uma sessão para eleger os outros membros da Mesa Diretora.
De certa maneira, a eleição no Senado coloca frente a frente investigado e investigador. Na sexta-feira (25), exatamente uma semana antes da eleição, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Renan no caso conhecido como das notas dos “bois de Alagoas”, derivado das suspeitas de que um lobista pagava a pensão e o aluguel de um apartamento a uma jornalista com quem o senador tem uma filha.
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O mesmo episódio levou a Renan renunciar à presidência do Senado em 2007 para evitar a cassação do mandato. Ele está na Casa desde 1994. Foi reeleito em 2002 e 2010. Na última eleição que disputou, conseguiu 840.809 votos, sendo o segundo mais votado no estado. Gastou R$ 5.400.608,28, valor próximo dos R$ 6 milhões de teto declarado. O atual líder do PMDB obteve mais do que o dobro de votos da terceira colocada na disputa, a ex-senadora Heloisa Helena (Psol-AL).
Desde a redemocratização, Renan tem conseguido se manter no poder. Deputado federal por três mandatos antes de entrar no Senado, chegou a liderar a bancada governista durante o primeiro ano do governo de Fernando Collor de Mello, na época no PRN e hoje senador do PTB. Os dois foram adversários políticos em Alagoas, mas se uniram nas eleições presidenciais de 1989, a primeira com voto popular desde 1960. A relação política entre eles foi rompida ainda no governo Collor. Mas reatada anos mais tarde.
Com o fim do seu mandato de deputado federal em 1991, Renan ficou dois anos sem cargo público até ser eleito senador pelo PMDB em 1994. Confirmando a vocação para ser governista, foi indicado ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Permaneceu no cargo entre 1998 e 1999. Depois, foi substituído pelo advogado José Carlos Dias e voltou ao Senado, para onde foi reeleito em 2002.
Na época, por ser próximo a José Sarney (PMDB-AP), fez parte da dissidência peemedebista que se aproximou do então candidato petista à Presidência Lula. Foi subindo dentro da hierarquia da Casa até ser eleito presidente do Senado em 2005. Porém, com a revelação de que um lobista de uma empreteira pagava as despesas pessoais da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, foi obrigado a renunciar ao cargo, ficando no ostracismo até assumir a liderança do PMDB em 2011.
Denúncias abreviaram passagem de Renan pela presidência
Inicialmente, Renan não era o nome predileto do Palácio do Planalto, que preferia o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB). O peemedebista, no entanto, não queria voltar para o Senado. Dentro da bancada do PMDB, o governo federal tinha outras alternativas como o ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique. No entanto, a articulação de Sarney e sua atuação como relator da medida provisória que diminuiu as tarifas de energia elétrica agradaram ao Planalto.
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Prisões
Enquanto Renan tem uma carreira política consolidada em Alagoas desde o fim da década de 1970, Pedro Taques é um neófito no cargo. Procurador da República no Mato Grosso entre 1996 e 2010, deixou o Ministério Público Federal (MPF) em 2010 para entrar na vida política partidária. Como não era possível manter as duas ocupações, deixou o MPF e concorreu ao cargo pelo PDT. Recebeu 708.440 votos na sua primeira disputa. Ele declarou gastos de R$ 1.119.817,95 em sua campanha.
Até então, seu cartão de visitas era a carreira como procurador. Pedro Taques esteve por trás da prisão do homem acusado de chefiar o crime organizado em Mato Grosso, o “comendador” João Arcanjo Ribeiro, dono de uma fortuna avaliada em R$ 2,4 bilhões. Também teve participação decisiva na prisão do ex-deputado Hildebrando Pascoal, condenado a mais de 100 anos de prisão por envolvimento com o crime organizado no Acre, e do então ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado de desviar recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). De volta ao Senado há um ano, Jader é apoiador da candidatura de Renan e tem atuação discreta na Casa.
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No Senado, o ex-procurador da República costuma se dedicar a temas jurídicos. Com posições contundentes, já chegou a bater boca com colegas parlamentares. Um desses momentos foi na CPI do Cachoeira, quando discutiu com o deputado Silvio Costa (PTB-PE) durante o depoimento do senador cassado Demóstenes Torres (GO). Mesmo assim, por ter trânsito entre oposicionistas do PSDB, do DEM e do Psol, acabou sendo escolhido como um candidato mais viável contra Renan.
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Taques é membro titular de duas comissões do Senado: a de Constituição e Justiça (CCJ) e da Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Atualmente é o relator da comissão que trata da reforma do Código Penal brasileiro, além de ter feito parte do grupo responsável por apresentar propostas para a reforma política.
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