Integrantes da CPI dos Sanguessugas defenderam ontem a convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para que ele preste esclarecimentos sobre denúncias de que o governo teria orquestrado uma operação para abafar as investigações sobre a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados na compra de um dossiê contra o PSDB.
Segundo reportagem publicada na revista Veja desta semana, o ministro teria orientado a postura de envolvidos no episódio – entre eles o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy – para evitar que o escândalo atingisse a candidatura do presidente Lula à reeleição.
"Ele não pode orientar alguém que está sendo investigado pela Polícia Federal justamente por ser o chefe da PF", afirmou o sub-relator Carlos Sampaio (PSDB-SP). Sampaio declarou que a oposição comparecerá em peso à reunião da CPI marcada para hoje.
Os presidentes do PSDB, PFL e PPS anunciaram ontem que vão pedir, nesta quarta-feira, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigue as pessoas acusadas de tentar abafar as investigações.
O pedido será anexado à investigação judicial já aberta pelo TSE para apurar se houve crime eleitoral na compra dos documentos. "Pedimos não só que sejam investigados todos os envolvidos, desde o delegado que foi afastado, ao carcereiro e os delegados que estavam de plantão, como o envolvimento do ministro da Justiça servindo de intermediário de toda essa artimanha que foi colocada para blindar o senhor Freud", disse o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissatti (CE).
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Em entrevista ao Jornal Nacional desta segunda-feira, Bastos defendeu-se das acusações e afirmou que a Polícia Federal está agindo no caso do dossiê "com a mesma isenção das 300 operações feitas pela PF nos últimos quatro anos".
Os três partidos vão pedir também que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Congresso acompanhem o trabalho da PF para garantir a isenção das investigações."Vamos visitar a OAB amanhã para que acompanhe todas as investigações do dossiegate. Temos a informação que [a origem dos R$ 1,7 milhão] é claramente sabida, mas que está sendo protelada por orientação do governo", disse Tasso.
Ideli Salvatti: Berzoini pode voltar à presidência do PT
A senadora Ideli Salvatti (SC), líder do PT no Senado, admitiu ontem que o deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente licenciado do PT, poderá voltar ao cargo logo após o segundo turno das eleições. O coordenador da campanha do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, é quem preside a legenda atualmente.
"Ele não renunciou. Ele apenas pediu afastamento e, se quiser, pode retornar depois do processo eleitoral", disse a senadora. Ideli ressaltou que Berzoini foi "demitido da campanha" e não do partido.
A petista admitiu que a permanência de Berzoini na presidência do PT dependerá do desenrolar das investigações sobre o caso do dossiê. Ela destacou ainda que o parlamentar declarou saber de somente parte do episódio e que não deu ordens para a compra do dossiê que envolveria políticos do PSDB com a máfia das ambulâncias. (Rodolfo Torres)