As críticas a Cardozo se intensificaram após a publicação de reportagens que mostram que o petista recebeu defensores de empresas investigadas por desvios na Petrobras. Apenas uma dessas audiências constou da agenda oficial do ministro divulgada no site do ministério, segundo levantamento da Folha de S.Paulo. Inicialmente, a assessoria dele havia informado que todos os seus compromissos eram divulgados na internet.
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Os oposicionistas também fizeram coro ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que defendeu a demissão imediata de Cardozo. O ministro alega que todo advogado tem direito de ser recebido por autoridade pública e que não deu qualquer orientação às empresas. “Queremos convocar o ministro para que ele possa prestar esclarecimentos diante das versões contraditórias apresentadas até agora”, disse ao Globo o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), para quem a atuação de Cardozo é “absolutamente incompatível” com o exercício do cargo de ministro da Justiça.
“Ministro da Justiça envolvido com advogados de empresas questionadas e investigadas pela PF é desmoralizante para o país”, criticou no Twitter o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). Ele anunciou que pretende acionar Cardozo na Comissão de Ética Pública da Presidência. Para Bueno, o petista deveria tomar a iniciativa de se demitir do cargo. “Ou assume uma atitude mais digna ou pede para sair do ministério, já que Dilma não demite ninguém”, disse ao Globo.
Lideranças do PT saíram em defesa de José Eduardo Cardozo e criticaram Joaquim Barbosa. O líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), disse que há outros interesses por trás do pedido do ex-ministro do STF. “A quem interessa a demissão de um ministro da Justiça independente, chefe de uma Polícia Federal que apura o que tem de apurar, sem interferências? Nem a oposição retoca José Eduardo Cardozo. O que há por trás de quem o critica? Pensem”, publicou no Twitter. Desde o julgamento do mensalão, do qual foi relator, petistas acusam o ex-presidente do STF de agir contra o PT com interesses eleitorais.
Joaquim Barbosa disse que não é aceitável que um ministro da Justiça receba investigados. “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à política?”, escreveu o ex-ministro no microblog.
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