Lideranças da oposição no Congresso anunciaram, neste sábado (6), que vão tentar obter, por meio da CPI da Petrobras, a íntegra dos depoimentos prestados pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em que ele detalha e aponta o envolvimento de políticos com um esquema de desvio de recursos da empresa. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), vai pedir ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a convocação de uma reunião de emergência para discutir as revelações feitas por Paulo Roberto e propor a requisição das transcrições e dos vídeos com os mais novos depoimentos do ex-diretor à Justiça.
O deputado também considera fundamental que a CPI acelere a convocação do ex-executivo, já aprovada pelo colegiado. O líder do PPS defende, ainda, que os parlamentares citados pelo ex-diretor, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC) e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI), sejam investigados pelos Conselhos de Ética das duas Casas.
Ex-diretor envolve base de Dilma e Eduardo Campos
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“Primeiro, precisamos saber quais parlamentares realmente estão envolvidos no esquema. Feito isso, os Conselhos de Ética da Câmara e do Senado deverão instalar processos para apurar cada caso, dando espaço para a defesa e punindo caso necessário. O país precisa de uma resposta forte do Congresso Nacional”, disse Rubens Bueno.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, informou que a assessoria jurídica de seu partido estuda que medidas tomar para dar novo rumo às investigações. A ideia, segundo ele, é direcionar as investigações já a partir da próxima reunião da CPI da Petrobras, marcada para quarta-feira. Neste dia, a comissão vai ouvir o ex-diretor da área internacional da empresa Nestor Cerveró. De acordo com Paulo Roberto, houve pagamento de propina na negociação da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Cerveró foi o autor do parecer considerado “tecnicamente falho” pela presidenta Dilma Rousseff ao justificar o negócio, que causou prejuízo bilionário à estatal.
O líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), também pretende apresentar na quarta um requerimento na CPI reivindicando acesso aos depoimentos do ex-diretor da Petrobras, prestados no regime de delação premiada, mecanismo pelo qual o acusado se beneficia da redução da pena quando colabora com as investigações. “Vou requerer a delação premiada do ex-diretor da Petrobras. Todos nós temos direito às informações”, afirmou. “O depoimento do ex-diretor vai nos ajudar a entender essa organização criminosa que agia dentro da Petrobras. As informações repassadas por Paulo Roberto Costa vão ser muito importantes para o trabalho na CPI”, acrescentou Francischini.
A edição da revista Veja que começou a circular neste sábado traz a relação de políticos que, segundo a semanal, foram apontados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiários de um esquema de corrupção na estatal operado por ele em sua passagem pela diretoria de Abastecimento, entre 2004 e 2012. Os nomes remetem a aliados das duas candidatas que lideram as pesquisas eleitorais para a Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB).
Veja a lista dos políticos citados por Paulo Roberto Costa