Mário Coelho
Líderes do PSDB e do DEM no Senado entraram nesta terça-feira (5) com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo investigação no Ministério dos Transportes. A cúpula da pasta, afastada no último sábado (2), é acusada de cobrar propina e superfaturar obras em nome do Partido da República (PR), do ministro Alfredo Nascimento. A ação, assinada também pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), pede ainda que os responsáveis respondam a ações de improbidade administrativa.
A representação dos partidos de oposição no Senado pede que sejam apuradas “as responsabilidades cíveis, administrativas e penais” do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antônio Pagot, e de outros envolvidos. Esta é a primeira das ações motivadas pela reportagem da última edição da revista Veja. Os oposicionistas ainda pretendem convocar Nascimento no Senado e colher assinaturas para a criação de uma CPI.
À tarde, será a vez do PPS na Câmara também entrar com uma representação na PGR. ?As denúncias são graves e repetem um esquema adotado no primeiro governo do PT, ou seja, o desvio de dinheiro público para o caixa de partidos com o objetivo de irrigar caixa 2 de campanha. É fundamental que a Procuradoria Geral da República entre logo no caso e determine a abertura de inquérito, o que colocará a Polícia Federal no encalço dos suspeitos de comandar esse novo mensalão?, afirmou o líder do PPS.
De acordo com a revista, parlamentares, assessores do governo, policiais, empreiteiros, consultores e empresários contaram que figuras ligadas ao PR e ao ministério cobram propina de 4% de seus fornecedores em troca de licitações, com garantia de superfaturamento de preço e generosos aditivos. O próprio ministro e o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) são apontados, segundo a reportagem, como dois dos coordenadores do esquema.
Segundo a revista, no último dia 24, a presidenta Dilma Rousseff se reuniu com a cúpula do Ministério dos Transportes para reclamar de irregularidades na pasta. Acompanhada das ministras Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Miriam Belchior, do Planejamento, ela criticou o descontrole nos aditivos e os aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias. A presidenta classificou como ?abusivo? o aumento do orçamento de R$ 11,9 bilhões, em março de 2010, para R$ 16,4 bilhões em junho deste ano, conforme a reportagem. Um aumento de 38% em 15 meses.
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