Rodolfo Torres
Na reta decisiva de tramitação da proposta que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), governo e oposição sinalizam que o imposto do cheque continuará a existir até 2011.
De acordo com a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), o governo terá votos do PSDB e do DEM na apreciação da matéria, apesar de os dois partidos terem fechado questão contra o tributo. “Estamos trabalhando para isso”, garantiu a petista ao Congresso em Foco.
Teoricamente, a oposição conta com 34 votos contra a CPMF (veja a lista), o que faria com que o imposto fosse rejeitado pelo Senado. No entanto, Ideli ressalta que o governo está promovendo “conversas de interesses dos estados” e que a participação dos governadores é decisiva para que a proposta passe no Senado. “È insustentável acabar com a CPMF. O efeito é assustador”, declara a petista. Entre os governadores que estão atuando para que a CPMF seja aprovada, está o de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR).
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Cinco governadores do PSDB também estão atuando em suas bancadas para que o imposto do cheque seja prorrogado: Cássio Cunha Lima (Paraíba); Teotônio Vilela Filho (Alagoas); José Serra (São Paulo); Aécio Neves (Minas Gerais); e Yeda Crusius (Rio Grande do Sul).
Tanto apoio dos governadores tucanos faz a líder do PT se questionar por que a bancada do PSDB “vai de reboque” na oposição irrestrita ao tributo promovida pelo DEM. Relembrando o discurso de Lula na semana passada (leia mais), Ideli voltou a frisar que o antigo PFL “não tem perspectiva de governar”.
“Podemos conversar”
Um senador do DEM que está disposto a dialogar com o governo em relação a proposta da CPMF é Jonas Pinheiro (MT). O parlamentar afirmou ao Congresso em Foco que a negociação da dívida de seu estado, “que paga R$ 650 milhões por ano”, com a União pode demovê-lo da idéia de votar contra o imposto.
Jonas ressalta que "pode conversar" sobre a CPMF e que o “benefício” de seu estado será decisivo na hora de seu voto. Em relação às declarações do presidente Lula sobre a falta de perspectiva do DEM de assumir o poder, o parlamentar destacou que atitudes como essa "não colaboram com o diálogo. O presidente jogou todo mundo numa vala comum". A reportagem procurou o senador Jayme Campos (DEM-MT), mas não conseguiu localizá-lo.
“Companheiro"
Segundo a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), a postura de Jonas Pinheiro de dialogar com o governo pela aprovação da CPMF reflete a “postura muito em cima da realidade” de seu conterrâneo.
Para ela, Jonas votará de acordo com os interesses “do Brasil e do Mato Grosso”. A senadora avalia que o Planalto tem que conversar com os parlamentares de oposição, uma vez que a negociação da CPMF será bastante apertada.
“Se é melhor para o estado e para o país, tenho certeza de que ele votará a favor. Ele é ‘companheiro’”, brincou a petista.
Bancada unida
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), avalia que sua bancada está unida e que nenhum parlamentar do DEM votará a favor do imposto do cheque. Questionado sobre qual seria a atitude do partido caso houvesse alguma “traição”, o senador potiguar foi categórico: “Isso não vai acontecer. Nós nos reunimos e decidimos, por unanimidade, que votaremos contra”.
Informado da “disposição” do seu correligionário de Mato Grosso para dialogar com o Planalto, o líder do DEM afirmou: “Prefiro acreditar na palavra que o senador Jonas Pinheiro assumiu com a bancada".