A oposição encerrou agora há pouco, na liderança do DEM no Senado, mais uma reunião da força-tarefa lançada contra a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Segundo os oposicionistas, ao todo 32 senadores participaram das reuniões realizadas entre ontem e hoje (28), número que preocupa o governo às vésperas da votação da PEC 89/07, que prorroga o prazo de vigência do tributo.
“Ontem nós reunimos 26 pessoas: Jarbas Vasconcelos [PMDB-PE] e mais 25 entre DEM e PSDB, e dois senadores que estavam viajando, Tasso Jereissati [PSDB-CE] e Lúcia Vânia [PSDB-GO], ambos contra a CPMF. Hoje, recebemos mais quatro reforços: Mão Santa [PMDB-PI], Expedito Júnior [PR-RO], Mozarildo Cavalcanti [PTB-RR] e Romeu Tuma [PTB-SP]. Ou seja, se o embate fosse hoje, nós teríamos certos 32 senadores, e a vitória se dá a partir de 33”, comemorou o líder do PSDB no Senado, Arhur Virgílio (AM), ao sair do encontro.
Também participaram da reunião, além do líder do DEM na Casa, José Agripino (RN), e do novo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), nomes como Heráclito Fortes (DEM-PI), o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), Adelmir Santana (DEM-DF) e Efraim Moraes (DEM-PB).
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Os quatro senadores a que Arthur Virgílio se referiu (Mozarildo Cavalcanti, Mão Santa, Romeu Tuma e Expedito Júnior,) e mais Jarbas Vasconcelos, são considerados “dissidentes”, por integrarem a base de apoio ao governo, e representam ameaça aos planos do Planalto. “Amanhã, esperamos ter mais do que 32 [votos], o que já garantiria a derrota do governo”, comemorou o tucano. "A população brasileira se veria livre deste injusto e desagradável imposto, travador da economia brasileira", declarou José Agripino.
Para o lider do DEM, é preciso que a oposição fique atenta à atuação do governo no Parlamento. "Nós temos que conduzir o processo com muita atenção, denunciar as tentativas de cooptação e, em função do calendário, do regimento e dos números que nós venhamos a acrescentar, caminhar para a votação para ganhar", advertiu.
Além dos dissidentes, podem engrossar o caldo “anti-CPMF” os senadores José Nery (Psol-PA) – que não esteve presente à reunião –, César Borges (PR-BA), Osmar Dias (PDT-PR), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), que acusa o Planalto de tentar “comprar” seu voto com liberação de emendas (leia), e Pedro Simon (PMDB-RS), que ainda tem posicionamento indefinido a respeito da matéria. Com isso, acreditam os oposicionistas, a PEC seria rejeitada em plenário. “Se fosse votada hoje, [seria rejeitada] sem a menor sombra de dúvida”, garantiu Sérgio Guerra.
Segundas e sextas
Alguns senadores presentes à reunião também falaram ao Congresso em Foco sobre a sugestão do presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), de realizar sesssões deliberativas às segundas e sextas-feiras (leia). A idéia, mal vista por alguns, teria como intenção acelerar os trabalhos da Casa para que a PEC da CPMF pudesse ser votada antes do recesso de fim de ano.
"Quanto às votações às segundas, tranqüilamente, desde que não aproveite quorum de um dia para outro. Quer moleza, tem que comprar um colchão d’água pra dormir", ironizou Arhur Virgílio, abusando das metáforas. "O governo tem de se mobilizar. Exército que não se exercita, fica preguiçoso, obeso. Eles têm mesmo é que se mexer. Agora, nós estamos avançando."
Mesmo em tom de galhofa, o senador garantiu que a bancada tucana "está liberada" para comparecer ao plenário às segundas e sextas. "Quem quiser vir aqui, vai vir aqui", concluiu, ressalvando que nenhum parlamentar vai desmarcar compromissos importantes para estar em plenário nesses dias.
Já o senador José Agripino manifestou mais claramente objeção à proposta de Tião Viana. "Se o governo deseja fugir da regra e, na segunda e na sexta, fazer sessões deliberativas, ele tem que garantir o quorum", desafiou. "Nós não contamos com essa tradição, porque nesses dias os senadores têm compromisso com as suas bases, e nós vamos respeitar esses compromissos. Pelo menos na próxima segunda e sexta, quorum quem tem que garantir é o governo. É ele que está convocando as reuniões, ele que cuide de garantir o quorum."
"Não quero dizer que é uma tentativa desesperada ou não do governo, até porque o governo, hoje, não tem número para aprovar a CPMF", concluiu. Neste momento, a PEC que prorroga a cobrança do chamado imposto do cheque por mais quatro anos está em discussão no plenário do Senado. (Fábio Góis)
Atualizada às 18:00 .
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