Paulo Henrique Zarat e Edson Sardinha
O ato de violência promovido pelo MLST na Câmara foi condenado por todos os pré-candidatos à Presidência, por entidades da sociedade civil e pelas lideranças partidárias do Congresso. O Palácio do Planalto classificou a invasão como "grave ato de vandalismo", que precisa ser punido com "o rigor da lei". Parlamentares da oposição, porém, se revezaram no plenário para responsabilizar o governo Lula e o PT pelo incidente.
"Isso é o reflexo do clima de permissividade, de estímulo à violência, de estímulo à invasão que o PT e que Lula trouxeram para o Brasil", atacou o líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). Aleluia acusou Lula de realizar um governo populista que cria falsas expectativas na população. "Este é um movimento que, evidentemente, enfraquece a democracia e enfraquecer a democracia é tudo que um populista quer, é tudo que o Lula e o PT querem", disparou.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), elogiou a atitude do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que mandou prender todos os cerca de 500 manifestantes, e disse que se a "arruaça" tivesse acontecido no Senado, convocaria a Polícia Militar no mesmo instante. "Aqui no Senado não entra. Eu sempre defendi toda manifestação democrática, mas isso não é uma manifestação: isso é uma arruaça e tem que ser tratada como arruaça. Essa gente tem que ir para a cadeia e pagar pelo que fez", afirmou.
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ACM conclama militares
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) chegou a pedir a convocação imediata das forças armadas. "Reajam comandantes militares. Reajam enquanto é tempo, antes que o país caia na desgraça de uma ditadura sindical presidida pelo homem mais corrupto que já chegou à presidência da República." ACM chamou o presidente da Câmara de "covarde" por não ter requisitado a presença do Exército para conter a invasão.
Aldo, que não autorizou a entrada da tropa de choque da Polícia Militar na Câmara, disse que não iria sacrificar "a vocação democrática" da instituição, mas que não admitiria "qualquer forma de violência ou intimidação". Em entrevista coletiva, o deputado negou que tenha havido falha no esquema de segurança da Casa. "Não creio que houve falha. Os seguranças agiram com presteza e rigor", afirmou.
Alckmin culpa Lula
Menos de um mês de sofrer o desgaste político com os ataques de facções criminosas em São Paulo, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) atribuiu ontem a invasão da Câmara à "leniência e falta de autoridade" do presidente Lula, que, segundo ele, "acaba estimulando esse tipo de comportamento" ao receber líderes dos sem-terra no Planalto.
"É resultado da falta de autoridade do governo, resultado de leniência no cumprimento lei. É lamentável que um dos líderes desse movimento seja o secretário nacional do PT (Bruno Maranhão). É resultado do estímulo do próprio governo federal a esse tipo de movimento, inclusive do presidente da República, recebendo lideranças desse movimento", disse o pré-candidato tucano à Presidência.
Endereço errado
O protesto não contou com o apoio nem mesmo de tradicionais defensores dos movimentos sociais. Pré-candidato à Presidência, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou o fato de o MLST ter ido cobrar no Congresso mais recursos para a reforma agrária. "Tem que protestar na porta do Palácio do Planalto, que contingencia os recursos para a reforma agrária", afirmou. "Esse tipo de manifestação é um vandalismo e deve ser condenado pela sociedade. "O endereço está errado. Quem define a política de reforma agrária é o outro lado da praça (dos Três Poderes)", emendou a senadora Heloísa Helena (Psol-AL).
Depois de tentar negociar com os sem-terra, o relator da extinta CPI da Terra, João Alfredo (Psol-CE), também condenou a invasão, que, segundo ele, "é extremamente perigosa" e não ajuda a solucionar o conflito agrário. "Por mais que haja desgaste na imagem do Congresso, não acredito que as coisas vão se resolver dessa maneira."
Os petistas também foram rápidos ao criticar a invasão. "Isso é inadmissível. Esse tipo de episódio serve muito mais para a criminalização do movimento do que para a reforma agrária", disse a líder da bancada no Senado, Ideli Salvatti (SC). "A bancada do PT condena com veemência os atos de vandalismo que se verificaram nas dependências da Câmara", afirmou, por meio de nota, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). O líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu a expulsão do líder do MLST, Bruno Maranhão, que faz parte da Executiva Nacional do partido.
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