Depois de cerca de uma hora de reunião extraordinária, feita às pressas na liderança do PSDB no Senado, Aécio voltou a defender o impeachment ou a renúncia de Dilma e comentou os mais recentes capítulos da Operação Lava Jato – entre eles a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depoimento na PF e a delação do senado Delcídio do Amaral (PT-MS), que hoje (sexta, 4) pediu licença do mandato por mais 15 dias. Investigado na Lava Jato e alvo de processo de cassação no Conselho de Ética do Senado, o ex-líder do governo na Casa envolveu, em depoimento ainda não oficializado pela Justiça, Lula e Dilma no esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras.
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Para Aécio, Cunha tem de anunciar a instalação da comissão processante já na próxima semana – mesmo diante do fato de que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou, em dezembro, o rito de impeachment e a formação do colegiado responsável por analisá-lo. Na condição de presidente da Câmara, Cunha recorreu da decisão e, desde então, a demanda está parada no STF. Segundo o senador mineiro, mesmo na condição de réu da Lava Jato no próprio STF, o deputado pode simplesmente colocar o processo em andamento nos termos definidos pelo Supremo.
“Será a oportunidade de vermos a Câmara dos Deputados cumprindo uma prerrogativa que a Constituição lhe delega. Portanto, a partir de segunda-feira (7) vamos discutir os graves problemas brasileiros e permitir a instalação dessa comissão”, declarou Aécio, ao fim da reunião.
13 de março
Em nota divulgada à imprensa (leia íntegra abaixo), os líderes de oposição defenderam os trabalhos de investigação da Lava Jato. Na “Nota da oposições”, os parlamentares mencionam as manifestações anti-governo marcadas para 13 de março e convocam a população para, “em paz, ocupar as ruas de todo o país para permitir o reencontro do Brasil com seu futuro”.
Publicidade“O rigor das investigações e a necessária apuração dos fatos trazidas à tona pela Operação Lava Jato são imprescindíveis para estabelecer a verdade e determinar a responsabilidade de todos os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do país. Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdadeira história do país, escondida, durante anos, pelas mentiras, pela manipulação e pela propaganda”, diz trecho da nota.
Líder da oposição no Senado, José Agripino (DEM-RN) disse ao Congresso em Foco que o governo perdeu completamente as rédeas do país. “O processo de deterioração da estrutura de governo chegou a um ponto de comprometer o futuro do país. Toda a energia que o governo tem vai gastar na superação de uma crise política movida a denúncias que o governo não tem como explicar”, declarou o senador, acrescentando que o Planalto vai dar menos atenção, com o intuito de se defender, à crise econômica e todos os problemas dela decorrentes.
“Qual é o remédio? É esse governo chegar ao fim”, sentenciou o parlamentar. “Precisamos instalar, o mais rápido possível, a comissão processante, para termos uma resposta dos representantes do povo brasileiro”, emendou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
Com a promessa de boicote à pauta de votações na Câmara, agora a oposição vai tentar obter adesões de membros independentes da base governista. Na hipótese de os oposicionistas, que são minoria na Casa, conseguirem apoio suficiente para interromper os trabalhos, o governo corre o risco de não aprovar medidas consideradas cruciais para a recuperação da economia, como as medidas provisórias do ajuste fiscal e uma eventual proposta de recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
.Confira a íntegra:
“NOTA DAS OPOSIÇÕES
Os partidos de oposição no Congresso Nacional, reunidos nesta terça sexta feira, reafirmam seu integral apoio e confiança nas instituições nacionais e ao trabalho de investigação realizada pela Operação Lava Jato.
É hora de exigir respeito a um dos mais importantes pilares do estado democrático de direito, que determina que nenhum brasileiro está acima das leis e da Constituição, e que todos, sem exceção, deve responder pelos seus atos perante a Justiça.
Da mesma forma é essencial à democracia que a imprensa continue a exercer seu papel com independência e coragem.
O rigor das investigações e a necessária apuração dos fatos trazidas à tona pela Operação Lava Jato são imprescindíveis para estabelecer a verdade e determinar a responsabilidade de todos os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do país. Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdadeira história do país, escondida, durante anos, pelas mentiras, pela manipulação e pela propaganda.
Aos partidos de oposição não faltará coragem, determinação, nem serenidade.
Coragem para defender a democracia.
Determinação para defender a Constituição.
Serenidade para não aceitar provocações daqueles que, sem argumentos, insistem em confundir a sociedade enquanto tento fugir das suas responsabilidades.
Os partidos de oposição convocam todos os brasileiros a acompanharem atentos os acontecimentos e rechaçarem, com vigor, as lamentáveis e reiteradas ameaças de radicalismos, que só tem como objetivo esconder a verdade e dividir o país.
Que no próximo dia 13 de março possamos, em paz, ocupar as ruas de todo o país para permitir o reencontro do Brasil com seu futuro.”