Um e-mail apreendido pela Operação Calicute mostra que Calos Miranda, acusado de ser o operador do ex-governador Sérgio Cabral, indicou contas do PMDB para que a Carioca Engenharia depositasse propina em forma de doação eleitoral em 2010. Logo em seguida, a empreiteira repassou R$ 300 mil ao partido. As informações são do jornal O Globo. A mensagem eletrônica foi apresentada como prova por uma delatora da empresa, Tânia Fontenelle, ex-diretora identificada como responsável pelo pagamento de propina. A Carioca Engenharia admite ter repassado pelo menos R$ 28 milhões em vantagens indevidas ao grupo de Cabral em troca de contratos no governo durante os dois mandatos do peemedebista.
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Na delação, Tânia contou que entregava desde 2008, mensalmente, R$ 200 mil ao operador do ex-governador e que o valor da mesada passou para R$ 500 mil em seu segundo governo, encerrado em dezembro de 2014. Os investigadores não encontraram o e-mail de Tânia entre os registros eletrônicos de Carlos. “A demonstrar que o representado (Carlos Miranda) apagou as mensagens, possivelmente com intuito de destruir provas”, afirmam os procuradores.
Segundo o Globo, no e-mail apresentado pela executiva da Carioca, o operador do então governador pede permissão para passar seu contato a três outras pessoas. Na sequência, envia mensagem em que avisa sobre a mudança no número da conta bancária do PMDB fluminense. “Tânia, recebi nesse instante a informação que a conta do partido que deve ser creditada mudou. Desculpe a confusão. Você pode corrigir a informação e me confirmar se será feito até segunda?”.
PublicidadeO presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, diz que não vai se pronunciar sobre o assunto porque não presidia o partido à época dos fatos apontados. Em depoimento, Tânia disse que a Carioca comprou vacas superfaturas de uma agropecuária de Jorge e de seus filhos, o deputado estadual Felipe Picciani e o ministro do Esporte, Leonardo Picciani. Segundo ela, as compras tinham como propósito “gerar dinheiro em espécie” para o caixa dois da empreiteira.
De acordo com Tânia, o dinheiro vivo era obtido por meio do superfaturamento de contratos de empresas prestadoras de serviços e pela celebração de contratos fictícios, informa a reportagem. Sérgio Cabral e Carlos Miranda fazem parte do grupo de dez pessoas presas na última quinta-feira (17), sob a acusação de desviar mais de R$ 220 milhões dos cofres públicos em propina cobrada de empreiteiras que tocavam grandes obras no estado durante suas duas gestões.