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Ontem (sábado, 2), o plantão judiciário do Rio já havia negado pedidos de prisão domiciliar para cinco presos da Saqueador, porque eles ainda não haviam recebido tornozeleiras eletrônicas. A previsão é que os equipamentos sejam instalados nos investigados dentro de quatro dias.
Já foi concedida uma decisão judicial convertendo a prisão preventiva dos investigados em prisão domiciliar, desde que seja fixado em cada um deles o equipamento eletrônico, daí o impasse. A insuficiência numérica dos aparelhos é decorrente de atrasos de pagamento do Estado do Rio de Janeiro ao fornecedor. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informa que a situação deve estar regularizada até a próxima quinta-feira (7).
Deflagrada na última quinta-feira (30) pela Polícia Federal, a Operação Saqueador tem mais de 20 pessoas sob investigação por suspeita de participação em um esquema de lavagem de verbas públicas por meio de grandes empresas. Como este site mostrou mais ontem (sábado, 2), Cavendish foi preso ao desembarcar na manhã de hoje no Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Também continuarão presos em Bangu 8 o ex-diretor da construtora Delta Cláudio Abreu e os empresários Marcelo Abbud e Adir Assad (este, já condenado na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa).
O esquema
A Operação Saqueador investiga mais 20 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção. Segundo o procurador da República Leandro Mitidieri, cerca de R$ 370 milhões foram desviados de obras públicas tocadas pela Delta e lavados por intermédio de 18 empresas de fachada forjadas por Cachoeira, Assad e Marcelo Abbud, outro preso. O dinheiro em seguida era sacado em espécie e repassado a agentes públicos, de maneira a dificultar seu rastreamento. Abbud e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal Claudio Abreu também receberam o benefício da prisão domiciliar.
De acordo com os investigadores, entre 2007 e 2012, Delta Construções teve mais de 96% de seu faturamento proveniente de verbas públicas, uma soma de aproximadamente R$ 11 bilhões. Segundo o MPF, os operadores do esquema “lavaram” R$ 370 milhões por meio de 18 empresas de fachada – sem funcionários nem receita compatível com a despesa. Os envolvidos realizavam pagamentos a agentes públicos para manter o esquema em segredo. Boa parte da propina era depositada em dinheiro e, principalmente, em ano de eleição.