A organização Justiça Global fez uma denúncia formal à Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (7), em relação à Chacina de Cabula, na Bahia. Em 6 de fevereiro deste ano, policiais militares da Rondesp, a tropa de elite da PM baiana, assassinaram 12 jovens no bairro Cabula, na periferia de Salvador. As vítimas eram negros e moradores da região.
Segundo a Justiça Global, a denúncia mostra diversos exemplos de desrespeitos aos direitos humanos. A entidade afirma que o próprio governador da Bahia, Rui Costa (PT), inocentou antecipadamente os policiais. A entidade também alega que houve corporativismo da Polícia Civil baiana que apresentou um inquérito ignorando laudos necroscópicos, entre outros procedimentos considerados importantes para a elucidação do crime.
O objetivo da denúncia, para a entidade, é os relatores internacionais da ONU cobrem respostas das autoridades dos governos federal e estadual, assim como do Poder Judiciário brasileiro. O documento foi enviado para três relatorias da ONU: a de Execuções Sumárias, a de Independência do Judiciário e a de Defensores de Direitos Humanos.
Para a pesquisadora da Justiça Global Lena Azevedo, a Chacina de Cabula é um símbolo da barbárie que está acontecendo no Estado da Bahia. “Antes e depois de Cabula aconteceram outras chacinas, cometidas tanto oficialmente pela polícia, como também por esses grupos de extermínio. Essa prática vem levando ao crescente número de mortes de negros no estado, o que mostra como o problema é estrutural e não pode ser tratado como um caso isolado”, disse Lena.