Terminou há pouco, sem grandes revelações, a acareação realizada pela CPI dos Bingos entre o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Venceslau reiterou a acusação de que, mesmo sem cargo na Executiva do PT, Okamotto solicitava a relação dos fornecedores às prefeituras petistas para, em seguida, tentar arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais.
Ex-secretário de Fazenda das prefeituras petistas de Campinas e São José dos Campos, Venceslau disse que foi pressionado a contratar, sem licitação, a empresa Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios), de Roberto Teixeira, amigo e compadre do presidente Lula. Okamotto rebateu as afirmações do ex-correligionário e disse que jamais pediu quaisquer informações às prefeituras do PT. “Nego. Isso é uma mentira”, afirmou.
Venceslau afirmou que a Cpem recebeu US$ 10 milhões e tinha mais US$ 6 milhões a receber de prefeituras administradas pelo PT no interior de São Paulo quando ele se desligou do partido, em 1994. Ele disse que Lula teve responsabilidade indireta no caso da Cpem porque foi avisado, mas não fez nada para desmantelar o esquema. “Ele foi no mínimo conivente”, disse.
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O senador Tião Viana (PT-AC) protestou e disse que o ex-petista passou toda a tentando desqualificar integrantes do PT. Lembrou que a prefeita de São José dos Campos, a hoje deputada Angela Guadagnin, cancelou os contratos com a Cpem depois das denúncias de Venceslau. “Isso o senhor não contou”, disse o senador, ao sustentar que o ex-militante foi parcial em sua exposição.
Apontado como tesoureiro informal do PT, Okamotto disse ainda que jamais foi responsável pelas contas do partido e muito menos pelas finanças pessoais de Lula. A oposição suspeita que ele tenha quitado, com recursos do valerioduto, uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente Lula com o Partido dos Trabalhadores e outra, de R$ 26 mil, de Lurian Cordeiro, filha do petista. Uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu a Okamotto o direito de não responder a questionamentos sobre o assunto.
Apesar da série de acusações, Okamotto se recusou, novamente, a abrir mão de seus sigilos bancário e fiscal à CPI. Os dados já foram quebrados pela comissão, mas estão protegidos por outra liminar do STF. Os senadores da oposição insistiram para que ele abrisse mão de seus dados bancários.
O presidente do Sebrae afirmou, contudo, que só aceita abrir mão de seu sigilo no caso de uma denúncia grave. “Nós temos direitos individuais que a Constituição garante. Se tiver alguma acusação grave contra mim, estou disposto sim (a abrir seus sigilos)”, disse.