Edson Sardinha
No final dos anos 1980, o então deputado Plínio de Arruda Sampaio substituiu temporariamente o também deputado Lula na liderança do PT na Câmara enquanto o petista se preparava para concorrer, pela primeira vez, à Presidência da República. Agora o ex-deputado paulista se movimenta na tentativa de substituir Lula. Desta vez, porém, no Palácio do Planalto. E em campos opostos. Enquanto Lula, assumidamente, caminhou da esquerda para o centro, Plínio se revela cada vez mais à mais esquerda.
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Aos 80 anos, Plínio está cada vez mais à esquerda
“A gente tem cada surpresa na vida. O Lula era um cara sensacional, foi um grande presidente do partido, um grande líder, mas ele sucumbiu à ambição do poder”, dispara o ex-petista. Promotor público aposentado, ex-deputado federal e um dos principais nomes da esquerda católica brasileira, Plínio diz que o atual presidente não deixará marca nenhuma na história do país e que a melhoria nas condições de vida do brasileiro, destacada pelo petista, é pura ilusão.
“Lula fez demagogia barata com o Bolsa Família. Soltou um dinheiro para o pessoal da classe C comprar eletrodoméstico. Esse pessoal caiu na ilusão de que quando compra uma geladeira virou classe B. O pessoal da classe B está com a ilusão de que quando compra um carro importado entrou para a classe A. E a classe A está com a ilusão de que quando compra um helicóptero já entrou no primeiro mundo. É o país da ilusão, uma pirâmide de ilusões”, critica.
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, Plínio é veemente ao condenar a candidatura da ex-pedetista Dilma Rousseff à sucessão de Lula. “A escolha da Dilma é um escárnio, é uma ofensa ao PT. Você tem um monte de companheiros… Ela é uma pessoa que nunca foi do PT. E o Lula impôs e acabou. Eu, por exemplo, sou fundador do PT, trabalhei como um louco no PT, nunca vi essa moça lá. Ela não é do PT. Você pega um partido que tem a maioria, tem o presidente, e você pega uma pessoa de fora, é uma tristeza muito grande”, considera o ex-deputado, que trocou o PT pelo Psol em 2005.
Reforma fracassada
Em 2002, Plínio foi responsável pela elaboração do capítulo da reforma agrária no programa de governo de Lula. Oito anos depois, ele se diz frustrado por tudo aquilo que não houve com seu plano. “O governo FHC não fez quase nada. O governo Lula fez praticamente nada. A proposta que eu fiz – porque o plano do Lula nessa área fui eu que fiz – tinha 1 milhão de famílias. Ele reduziu para 500 mil famílias. Ele assentou 130 mil. Eles fracassaram completamente. Não enfrentaram o latifúndio, nem um nem o outro”, afirma o candidato, que preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária, ao comparar a gestão dos dois presidentes.
A uma semana de completar 80 anos, Plínio de Arruda Sampaio é o mais idoso entre os nove candidatos a presidente. É também o dono de uma das propostas mais radicais de governo: defende a desapropriação imediata para reforma agrária de toda propriedade rural acima de mil hectares e a estatização da educação e da saúde em todo o país.
“Se eu ganhar a eleição, vai ser uma enorme revolução. Porque, se eu ganhar, quem votar em mim vai votar nos meus candidatos pro Congresso. Agora, se eu não tiver maioria, vou fazer o que sugeri ao Lula, chamar o povo pra rua. Chama o povo do Largo da Carioca, o povo do Rio, pra ver como é. ‘Estou propondo lá isso, vocês querem ou não querem?’ Os deputados são deputados do povo, eles não podem contrariar o povo completamente. Tem de mobilizar o povo”, defende.
Os “gerentões” e a “sofredora”
Amigo de Lula, amigo de Fernando Henrique Cardoso, amigo de José Serra, amigo de Marina Silva; Plínio é um crítico ácido dos quatro. Nesta entrevista ao Congresso em Foco, ele diz combater fortemente os tucanos e classifica de “conservadora” a candidatura da senadora do PV à Presidência. Para ele, não há qualquer diferença entre os principais presidenciáveis. As divergências são apenas de estilo, considera: “O Serra faz mais o estilo gerentão bravo. A Dilma faz o estilo gerentona brava. A Marina faz o estilo boazinha, que está disposta a ajudar todo mundo, o estilo sofredora”.
Marina Silva foi o pivô de uma disputa interna que Plínio ainda precisa contornar para levar adiante sua candidatura. A ala dele impediu o apoio do Psol à candidata do PV, como queria a presidente do partido, Heloísa Helena (AL), e derrotou o candidato interno da ex-senadora, Martiniano Cavalcante, detonando a maior crise da história da legenda, criada por ex-petistas há cinco anos.
Na convenção que ratificou a candidatura de Plínio, no último dia 30, Heloísa Helena chamou a atenção por não ter comparecido ao evento. Dias antes, ela havia dito em Alagoas que, embora soubesse que o partido tinha nome próprio à sucessão presidencial, sua “candidata do coração” era Marina. Apesar da ausência, o candidato diz ter plena certeza de que terá o apoio da ex-senadora, que obteve 6,5 milhões de votos na eleição presidencial de 2006. Segundo ele, é preciso dar tempo ao tempo para que a mágoa da alagoana seja curtida.
“Não quero tapar o sol com a peneira e dizer que não tem nada. Teve, ficaram seqüelas e essas seqüelas não se apagam imediatamente. Estou jogando para apagar, e estou confiante que, com o desenvolvimento da campanha, vai apagar”, considera.
Veja a íntegra da entrevista de Plínio Arruda Sampaio:
Congresso em Foco – O senhor teve sua candidatura referendada pelo Psol numa convenção sem a presidente do partido, a ex-senadora Heloísa Helena. O que significa a ausência dela? Ela não está com o senhor na campanha?
Plínio de Arruda Sampaio – Isso daí tem um ritual. Houve uma disputa, e ela perdeu essa disputa. É natural que ela esteja querendo ganhar um tempo para recompor com seus companheiros e até dar uma satisfação pra eles. A campanha vai começar agora. A rigor, até agora, ela não tinha obrigação real de me acompanhar em nada. Já conversei com vários emissários dela. Vamos fazer um acerto, não haverá problema algum.
Mas essa situação não lhe causa um constrangimento?
De fato, não é normal. Mas o Lula também não foi ao lançamento do Mercadante [candidato do PT ao governo de São Paulo], e ninguém achou que o Lula abandonou o Mercadante. Não quero tapar o sol com a peneira e dizer que não tem nada. Teve, ficaram sequelas e essas sequelas não se apagam imediatamente. Estou jogando para apagar, e estou confiante que, com o desenvolvimento da campanha, vai apagar.
Ela deu declarações à imprensa de que preferia o apoio a Marina Silva…
O Mário Agra, ex-marido dela, presidente regional e candidato do Psol ao governo de Alagoas, me disse que não é verdade o que saiu na internet. Ele me contou que ela disse que não podia negar que tem simpatia pela Marina, que gostaria que ela fosse nossa candidata, e não o candidato que ganhou. Mas que reconhecia que o partido hoje tem candidato. Foi o que ela disse. O fato de ela estar demorando a vir é normal, é assim mesmo. Mas na campanha ela virá. Mas vamos falar de coisa mais importante do que isso, vamos falar do nosso programa.
Um dos pilares da proposta do senhor é a realização de uma profunda reforma agrária. Houve alguma evolução nos governos FHC e Lula?
O governo FHC não fez quase nada. O governo Lula fez praticamente nada. A proposta que eu fiz – porque o plano do Lula nessa área fui eu que fiz – tinha 1 milhão de famílias. Ele reduziu para 500 mil famílias. Ele assentou 130 mil. Eles fracassaram completamente, não conseguiram. Não enfrentaram o latifúndio, nem um nem o outro.
Por que fracassaram?
Por causa da chantagem que a bancada ruralista faz. Eles dizem: “Se faz isso, não tem meu voto”. Como a bancada ruralista tem uma posição chave lá, ele teria de ir pra rua e pedir o apoio popular para resolver o problema. Com um apoio popular, o Lula encurralava a UDR. Aceitaram a chantagem com a maior tranqüilidade. Isso tem nome, é covardia. É não enfrentar o perigo. O governo virou refém, hoje tem ruralista até no PT. É inacreditável.
Quais seriam os principais pontos da reforma agrária que o senhor propõe?
O primeiro ponto é o seguinte: toda propriedade com mais de mil hectares pode ser desapropriada, independentemente de ser produtiva ou não. Esse é o ponto focal. Depois, vêm o apoio técnico e o apoio financeiro. Mas isso tudo não é polêmico. O polêmico é a distribuição da terra, que é a campanha da CNBB e do MST, que estão fazendo um plebiscito para saber a opinião do povo sobre isso. Estou endossando essa campanha, e o meu programa de governo diz que de mil hectares pra baixo está livre; de mil pra cima, vai pra desapropriação.
Seria uma revolução social?
Não tenha dúvida. É disso que o Brasil precisa pra ficar menos desigual.
Mas como levar adiante um proposta dessa? E a reação do chamado setor produtivo e do Congresso?
Se eu ganhar a eleição, vai ser uma enorme revolução. Porque, se eu ganhar, quem votar em mim vai votar nos meus candidatos pro Congresso. Agora, se eu não tiver maioria, vou fazer o que sugeri ao Lula, chamar o povo pra rua. Chama o povo do Largo da Carioca, o povo do Rio, pra ver como é. “Estou propondo lá isso, vocês querem ou não querem?” Os deputados são deputados do povo, eles não podem contrariar o povo completamente. Tem de mobilizar o povo. O povo demonstrou preferência por uma política clara e o democrático é votar com essa política. É essa a estratégia pra não ficar refém de deputados.
O senhor foi um dos fundadores do PT, tem uma longa amizade com o presidente Lula. Está desapontado com ele?
Pois é, rapaz, a gente tem cada surpresa na vida. O Lula era um cara sensacional, foi um grande presidente do partido, um grande líder, mas ele sucumbiu à ambição do poder.
Em que momento ele sucumbiu? Foi na composição das alianças de 2002?
Ah, não há a menor dúvida. Ele vinha caminhando para a direita lentamente. Em 2002, ele selou o compromisso com a direita.
E como Lula será lembrado como estadista daqui há uns 20 anos? Que imagem ficará do atual presidente?
Não sou bom nesse negócio de previsão, porque não sou pitonisa. Depende. Se nós tivermos sucesso grande nesta campanha, ficará uma imagem. Não acho que ele será lembrado como Getúlio. Este país não lembra nada. Outro dia, fiz reunião com 40 pessoas numa sala, moçada de 25 a 35 anos. Quando perguntei se sabiam quem tinha sido Getúlio, só quatro levantaram a mão. Os outros não sabiam quem era Getúlio. Pode? Aqui a memória é muito rápida, o país é muito novo, as gerações são muito novas. As pessoas nem sabem quem é Getúlio. O Lula não deixou marca nenhuma. Fez demagogia barata com o Bolsa Família. Soltou um dinheiro para o pessoal da classe C comprar eletrodoméstico. Esse pessoal caiu na ilusão de que quando compra uma geladeira virou classe B. O pessoal da classe B está com a ilusão de que quando compra um carro importado entrou para a classe A. E a classe A está com a ilusão de que quando compra um helicóptero já entrou no primeiro mundo. É o país da ilusão, uma pirâmide de ilusões.
O senhor ainda se considera amigo do Lula?
Eu não briguei com ele porque eu não brigo com ninguém. Não levo a discussão política para o lado pessoal. Minha discrepância com as pessoas é sempre uma questão política. Não tenho nada pessoal contra ele. Se nos encontrarmos, certamente seremos educadíssimos um com o outro. Agora, não temos mais clima pra estar todo dia junto. É a mesma coisa com o FHC. Você pensa que eu briguei com o Fernando Henrique? De jeito nenhum. Morreu a Ruth, corri pra casa dele, corri mesmo. A política precisa ter sua dimensão, ela não pode encobrir toda a dimensão do ser humano. Sou muito amigo do Serra. Mas politicamente, eu o combato.
Como um dos fundadores do PT, como o senhor viu a indicação de Dilma Rousseff como candidata do partido?
A escolha da Dilma é um escárnio, é uma ofensa ao PT. Você tem um monte de companheiros. É uma pessoa que nunca foi do PT. E o Lula impôs e acabou. Eu, por exemplo, sou fundador do PT, trabalhei como um louco no PT, nunca vi essa moça lá, ela não é do PT. Você pega um partido que tem a maioria, tem o presidente, e você pega uma pessoa de fora, é uma tristeza muito grande.
O que diferencia sua candidatura das demais?
As outras todas são candidaturas dentro do sistema capitalista, da ordem social vigente. A nossa candidatura é uma contestação a essa ordem. É a proposta de um modelo alternativo.
Quais são os pilares desse modelo alternativo?
Neste momento, os pilares seriam um grande processo de distribuição de renda para enfrentar a segregação social, uma política econômica autenticamente brasileira pra enfrentar a dependência externa. Segregação social e dependência externa são as raízes dos problemas brasileiros.
Como os presidentes FHC e Lula trataram desses dois problemas?
Os dois governos venderam-se às imposições do imperialismo, praticaram e praticam uma política neoliberal, que é prejudicial ao povo.
O senhor não vê nenhuma diferença entre os dois governos?
Evidentemente, as diferenças são superficiais. Mas ambas funcionam dentro da ordem estabelecida e, portanto, são substancialmente iguais.
Não houve, por exemplo, uma mudança de rumo na política externa, que ficou menos dependente dos Estados Unidos?
Houve uma mudança de estilo. O estilo do Lula é um, o do FHC era outro. A relação com a China, por exemplo, é colocada pelo sistema, é um imperativo da ordem econômica que o Lula não contesta. Não é uma decisão unilateral, interna, própria do governo brasileiro, é fundamentalmente uma obediência a movimentos do capital.
Lula diz que a vida do brasileiro está melhorando, com maior distribuição de renda. O senhor também vê isso?
Sob certo ponto de vista, para uma camada da população pobre, melhorou o aspecto de ter mais dinheiro na mão. Mas não melhorou no aspecto de ter uma educação péssima, uma saúde péssima, de ter uma aposentadoria deteriorada. Ou seja, a contrapartida dessa febrezinha de consumo é a deterioração das condições mais básicas de vida do povo.
O senhor propõe a estatização na saúde e na educação. Qual a viabilidade dessa proposta, na prática?
A socialização da medicina tem um modelo muito exitoso, que é o inglês. A Inglaterra tinha uma série de atividades econômicas estatizadas. A Margaret Thatcher [primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990] privatizou tudo. Menos a saúde, porque a saúde se revelou a única forma de resolver o problema da igualdade entre os doentes. Não é admissível que um doente seja atendido na hora e que outro precise de seis meses para conseguir uma consulta no SUS.
Essa mudança seria imediata, em seu eventual governo, ou em médio prazo?
É uma coisa pra ficar definitiva. Não há alteração da estrutura do Estado brasileiro. A saúde fica fora do comércio, é uma atividade do Estado.
E como seria isso na educação?
A mesma coisa, mas com uma diferença. Na educação, achamos razoável a existência de escolas comunitárias. Escolas que tenham uma proposta educacional própria, distinta da estatal. Se essas escolas não cobrarem absolutamente nada, se seus professores forem remunerados exatamente como os demais pelo Estado, com funcionários que ela pode contratar livremente, essa possibilidade existe. Por exemplo, o colégio diocesano hoje pertence aos padres. No sistema, ele deixaria de pertencer aos padres, mas eles não sairiam daquele prédio, não deixariam de ter aquele colégio desde que não cobrassem nada. O negócio de ter uma escola, o investimento numa escola, não é razoável, porque aí você tem de ter o sistema econômico, ou seja, diminui a qualidade e aumenta o preço pra ter lucro.
Que diferenças o senhor vê entre os três candidatos que estão na frente das pesquisas, Dilma, Serra e Marina?
Não vejo diferença substancial, só de estilo. Todos operam no campo da ordem estabelecida, uma ordem injusta.
Que diferenças de estilo são essas?
O Serra faz mais o estilo gerentão bravo. A Dilma faz o estilo gerentona brava. A Marina faz o estilo boazinha, que está disposta a ajudar todo mundo, o estilo sofredora.
Mas a trajetória dela não aponta pra esse sofrimento?
Ela sofreu a adoção da Monsanto pelo governo, ela sofreu a transposição do Vale do São Francisco pelo governo, ela sofreu a destruição das nossas florestas pelo governo. Mas ela não saiu do governo. De modo que não sei, depende muito do conceito de autenticidade. É uma candidata conservadora, claro.
Parte do Psol, liderada pela presidente do partido, Heloísa Helena, defendeu o apoio à candidatura da Marina. Por que essa aliança não vingou?
É verdade. Teve um grupo dentro do partido que a apoiava, achava que era uma candidatura razoável. Nós, no debate interno, mostramos que não era exata essa visão. Nossa posição foi vitoriosa entre a maioria dos delegados.
Como esse conflito interno do Psol está sendo resolvido?
Todo partido tem disputa interna, isso deixa algum rescaldo, alguma seqüela, mas estou fazendo um esforço muito grande para reunificar o partido. Estou tendo sucesso nesse esforço. A deputada Luciana Genro (RS), por exemplo, lutou fortemente para que eu não fosse candidato e apoiasse a Marina. No Rio de Janeiro, houve a mesma coisa com lideranças locais. De pouquinho a pouquinho, estamos reunificando todo mundo.
Com Heloísa Helena está sendo mais difícil?
Estou tendo mais cuidado com ela. Como é uma liderança grande, que tem o partido sob sua responsabilidade, estou dando tempo ao tempo.
O que tem de diferente entre sua candidatura e a dela, de quatro anos atrás?
2006 não é 2010. É outra realidade brasileira. Houve uma mudança enorme porque houve uma crise econômica, uma mudança de rumo no mundo. É uma candidatura que tem de se pautar por outra análise. Há também uma diferença de estilo, isso é real. Ela é uma pessoa muito mais entusiasmada, energética. Eu tenho um discurso mais calmo.
O senhor está aparecendo com 0% na pesquisa Ibope, atrás de candidatos menos conhecidos que o senhor. Há gente dentro do Psol trabalhando contra sua candidatura?
Contra, eu acho que não tem. Tem gente com menos ânimo pra campanha. Mas esse pessoal eu estou conquistando um a um.
O senhor teme sofrer boicote do próprio partido na campanha?
Não há boicote, mas pessoas com menos ânimo para trabalhar. Mas estou conquistando uma a uma.
Aos 79 anos, o senhor é um entusiasta da internet. Que peso ela terá em sua campanha, já que o senhor terá apenas 44 segundos no horário eleitoral?
Isso é um sucesso total. Sou um “tuitador” emérito, o famoso comando da madrugada. E sou eu mesmo que respondo. Quando não sou eu que respondo, minha assessora, Luciana, diz que é ela que está respondendo.
O senhor vê a internet ocupando um papel decisivo nas eleições deste ano?
O centro do debate político hoje é a televisão. Antes, era o debate que se travava no comício. Mas a internet está avançando aceleradamente para se tornar o lugar do debate político na próxima eleição. Nesta, já tem um peso bem grande. Eu tenho pouco tempo no horário eleitoral e há um boicote total da imprensa burguesa em relação à nossa candidatura. Então, estou me valendo da internet.
Cada eleição supera a anterior em gastos. Como o senhor pretende arrecadar recursos para sua campanha?
Para nós, o problema do recurso não é tão importante. Para você ter ideia, na minha campanha a governador de São Paulo, em 2006, cada voto que tive custou 18 centavos. A média do custo do voto dos demais candidatos foi de R$ 18. Meu voto custa muito menos que o deles. Não necessito de tanto dinheiro. Há uma decisão do partido de que ninguém recebe recursos de empresa. Todos os recursos serão arrecadados por contribuições pessoais pequenas, não temos nenhum mecenas, ao contrário da Marina, que tem um cara que já deu R$ 1 milhão para ela. Não temos isso, nem queremos isso.
O Psol reproduz correntes do PT, partido do qual se originou…
Isso é normal no processo democrático.
Qual o futuro do Psol? A liderança da Heloísa Helena está sendo contestada com a sua candidatura?
A massa hoje está conformada, está quieta. Isso é normal. A massa vive movimentos cíclicos. Mas estou certo de que, no primeiro movimento de massas que houver no Brasil, o Psol torna-se um agente político polarizador da disputa política do país.
Mas há condições para isso acontecer?
Tranquilamente. Essas coisas são dinâmicas. Isso é uma questão natural. Sempre foi assim e será. A massa desanima, fica em casa e não quer saber de nada. E em outro momento ela percebe e vem com tudo. Foi o que aconteceu com o PT, que era um partido pequeno. Teve um movimento de massas forte, ele estava aí, entrou e ganhou.
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