“Nós temos o pior índice de concentração de renda do Brasil e o maior índice de desenvolvimento humano, comparável aos melhores do mundo. Essa disparidade entre as nossas regiões administrativas demonstram a desigualdade renda. Nós temos uma renda média salarial que varia de R$ 2 a R$ 16 mil”, explicou Pagnussat.
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De acordo com dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apresentados pelo economista, a indústria é o setor que mais contribui para o desenvolvimento do Produto Interno Bruto (PIB) do DF, representando cerca de 6,5% da arrecadação total. Outro setor importante para a economia da capital é a construção civil que, mesmo com a crise econômica que estagnou as vendas, ainda equivale a 3,4% do PIB.
Pagnussat chamou atenção ainda para o setor público – um dos grandes geradores de renda no DF. Segundo dados divulgados nesta semana pelo Índice de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal (Idecon-DF), 44,4% do PIB é alimentado por servidores públicos. Apesar de a crise econômica também ter impactado o DF, a demanda da população se manteve acima da média, o que refletiu em uma crise menos acentuada na capital quando comparada às outras cidades do país.
“Os setores mais afetados pela crise econômica são o de intermediação financeira e comércio. Com a população muito endividada e com índice de inadimplência muito grande, mesmo com o 13º salário, o comércio não tem conseguido reagir como reagiu nos últimos anos”, ressaltou.
Outro ponto para o qual o economista alertou foi a crise fiscal do setor público. Pagnussat explicou aos presentes que a concentração de renda nas mãos de poucos e a utilização dos serviços públicos por pessoas de outros estados corrompe a entrega de um serviço satisfatório ao cidadão. Sofre com esse problema, principalmente, a saúde pública, que recebe a todo momento pacientes de diversos municípios brasileiros, exaurindo os postos disponíveis aos moradores da capital.
O especialista destacou ainda que, para promover a retomada do crescimento é necessário, em primeiro lugar, remover os gargalos que atrasam o desenvolvimento da capital. Entre eles, Pagnussat acentuou a falta de políticas públicas relacionadas ao abastecimento de água potável em todas as regiões administrativas e a cautela com a estiagem; a necessidade de renovação do setor elétrico da capital e a falta de cuidados com o meio ambiente.
“O elevado potencial econômico do DF e entorno favorecem políticas de desenvolvimento, é necessário planejar”, enfatizou o economista.
Para isso, José Luiz Pagnussat atentou para a necessidade de desenvolver uma economia criativa, para a valorização do empreendedorismo e a criação de melhores ambientes capazes de fomentar os negócios na capital. De acordo com o economista, a desconcentração do desenvolvimento a partir da geração de polos de industrialização nas regiões administrativas e entorno – como o Polo de Desenvolvimento Parque Tecnológico Capital Digital e o Polo Atacadista e Logístico – teria a capacidade de neutralizar a desigualdade social.
O especialista ainda destacou a necessidade de promover o turismo no Distrito Federal, ainda não abordado com afinco pelos governos da capital. Pagnussat critica, especialmente, o fato dos pontos turísticos fechados aos finais de semana. Desaprovação seguida por boa parte da população e dos visitantes que desembarcam em Brasília.
Pagnussat encerrou sua participação fazendo um alerta para a criação de uma engenharia financeira capaz de diminuir os índices de desigualdade social e originar uma política capaz de promover o desenvolvimento de todo o território da capital.
Página Brasília
A iniciativa marca o lançamento de uma nova seção neste site, que nasce com o propósito de ajudar a compreender a capital do país. Com atualização diária, a página Congresso em Foco Brasília pretende debater pontos centrais para o futuro da cidade, que aos 56 anos de existência já é a terceira mais populosa do Brasil, com aproximadamente 3 milhões de habitantes. O rápido crescimento da população tem trazido problemas próprios das metrópoles brasileiras, como o aumento da violência, o trânsito cada vez pior e a precariedade dos serviços de saúde, educação e transportes.