A declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desfazendo a fake news de que o presidente Jair Bolsonaro é que teria criado o PIX resume o clima de fim de festa. Depois que foi aprovada a autonomia do Banco Central, o presidente passou a ter mandato. Ou seja, Campos Neto fica no cargo até 2024. E, aparentemente, já começa a prestar contas àquele que imagina será o novo chefe.
A falsa ideia de que foi Bolsonaro quem criou o PIX foi utilizada na sua campanha à reeleição. Campos Neto corrigiu a distorção. O PIX era algo que já vinha sendo estudado antes mesmo dele próprio chegar ao Banco Central, dentro da agenda de inovação a ser implementada. Na verdade, se algum presidente poderia reivindicar sua paternidade seria Michel Temer.
Mas, no caso de Roberto Campos, é agora uma declaração a confirmar aquela ideia de que a um presidente em fim de mandato até o café servido é frio.
É claro, a eleição não está definida. Ainda restam três dias para o primeiro turno, e ainda pode haver segundo turno. Ainda que mais e mais as pesquisas apontem para a forte possibilidade de tudo vir a ser resolvido no domingo (2). E é esse o clima que inspira Roberto Campos Neto a agora negar a Bolsonaro a paternidade do PIX.
A pesquisa Exame/Ideia divulgada na manhã desta quarta-feira (29) coloca o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com 47% das intenções de voto. E Bolsonaro foi em seguida com 37%. No caso, Lula subiu três pontos com relação á rodada anterior. E Bolsonaro um ponto. A diferença entre os dois nessa pesquisa passou de oito pontos percentuais para dez pontos. A Exame/Ideia coloca Lula com 49% dos votos válidos. Bem perto, portanto, de vencer no primeiro turno.
Já a Datafolha, divulgada no início da noite, dá Lula com 50% dos votos válidos e Bolsonaro com 36%. Ciro Gomes tem 6% e Simone Tebet, 5%. Soraya Thronicke, com 1%.
Assim, é grande a chance da solução no domingo, mas isso está longe de ser jogo jogado. O debate que irá acontecer na TV Globo daqui a pouco poderá ser decisivo para a definição dos poucos que ainda se declaram indecisos ou na tarefa de Lula para virar votos.
Bolsonaro deverá vir agressivo. E é o limite dessa agressividade que pode ou não beneficiá-lo. Se conseguir parecer intimidar Lula como aconteceu no debate da Band, isso pode ajudá-lo. Mas se perder as estribeiras, como também aconteceu no debate da Band quando atacou Simone Tebet e a jornalista Vera Magalhães, quem mais perderá é ele. O jogo de daqui a pouco promete ser eletrizante.