Antes de viajar para os Estados Unidos, onde encontra amanhã (31) o seu colega George W. Bush, o presidente Lula voltou a criticar a redução da maioridade penal e, em discurso em Olinda (PE) para mais de quatro mil jovens, pediu a eles que sigam o seu exemplo.
De acordo com o presidente, atualmente 30% das meninas entre 15 e 17 anos não estudam porque já têm filhos, isso porque não tiveram oportunidade a uma educação sexual adequada, nem na escola, nem dentro de casa. “Se a escola não cuida, a família não cuida, a gente depois não pode querer punir a juventude ao ver diminuída a maioridade penal para colocar jovem na cadeia, achando que vai resolver o problema”, explicou.
Aos jovens, formandos do programa Pró-Jovem, Lula, emocionado, contou que bastante novo deixou Pernambuco e seguiu com a mãe e os irmãos para São Paulo. Lembrou que passou fome e um dia pensou em roubar uma maçã, mas “não teve coragem”. O presidente disse que só venceu na vida porque não perdeu a esperança. “Se tem um brasileiro que pode significar que o exemplo da perseverança, da luta e de que o nunca desistir dá resultado, sou seu”, disse.
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O ProJovem, programa do Ministério da Educação, é voltado para jovens de 18 e 24 anos que estudaram até a que quarta-série mas que não concluíram o ensino fundamental e não trabalham. O objetivo é elevar a escolaridade e qualificar os jovens profissionalmente. (Lucas Ferraz)
Reforma ministerial está concluída, diz Lula
Um dia depois de empossar cinco novos ministros e confirmar a permanência de Guilherme Cassel à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o presidente Lula confirmou hoje (30) que a reforma ministerial está concluída. A declaração do presidente foi feita durante rápida conversa com jornalistas em Recife, onde ele participou de um evento do programa ProJovem.
Dizendo-se animado com a formação da coalizão governista, Lula disse que vai apresentar um programa de políticas sociais e de segurança assim que o Congresso aprovar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Vamos ter um conjunto de obras a serem concluídas em quatro anos que vão dar ao Brasil uma sustentabilidade que o país não tinha", disse o presidente.
Com as 12 alterações feitas em relação ao primeiro mandato, Lula contempla 11 partidos políticos da coalizão governista. O PT continua a ser o partido com o maior número de ministros (18), mas perdeu a Secretaria de Relações Institucionais para Walfrido Mares Guia (PTB).
O PMDB foi a legenda que mais se fortaleceu na reforma, ao aumentar de dois para cinco o número de ministérios sob seu controle: Comunicações, Minas e Energia, Saúde, Integração Nacional e Agricultura. (Edson Sardinha)
Lula vai discutir comércio, energia e parceria com Bush
O presidente Lula se reúne amanhã (31), em Washington, com o presidente americano, George W. Bush, para discutir prioritariamente dois pontos: a formação de um mercado internacional de etanol e a retomada das negociações sobre o fim de subsídios e taxas sobre produtos agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A idéia é intensificar a cooperação na área de biocombustíveis, firmada entre os dois países durante a visita de Bush a São Paulo, três semanas atrás. Lula e Bush também devem aprofundar as discussões sobre a cooperação para o desenvolvimento do Haiti e de países da África, a reforma na Organização das Nações Unidas (ONU) e o estabelecimento de um foro de altos executivos dos dois países.
"Não temos uma lista de pedidos para os Estados Unidos. O presidente não vai lá para fazer pedidos", afirmou o subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty, Everton Vieira Vargas, em entrevista à agência Reuters.
Segundo Everton, o Brasil vai se apresentar "com um novo paradigma de cooperação em terceiros países". O governo brasileiro, explica o subsecretário, quer se colocar como um parceiro dos Estados Unidos no atendimento a países menos desenvolvidos economicamente.
Entre os projetos que o Brasil pretende levar a outras nações, está o que trata da cooperação para o combate à malária na África e o que prevê o fortalecimento do Legislativo em Guiné-Bissau. O país também quer ter participação decisiva no desenvolvimento econômico do Haiti.
Lula será recebido por Bush neste sábado, em Camp David, a casa de campo presidencial americana, às 14h (hora local). Depois de conversarem por uma hora e meia, os dois devem se revezar em pronunciamentos de dez minutos e, em seguida, responder a perguntas de jornalistas americanos e brasileiros. (Edson Sardinha)
Ameaça ambiental do etanol é mito, diz Lula
Em artigo publicado na edição de hoje (30) do jornal americano Washington Post, o presidente Lula defende a parceria Brasil-Estados Unidos para produção de etanol e diz que o dilema entre biocombustíveis e preservação ambiental é um "mito".
O presidente viaja nesta sexta-feira para os Estados Unidos para encontro com o presidente George W. Bush. Os dois principais assuntos da agenda são justamente a formação de um mercado internacional de etanol e a retomada das negociações sobre o fim de subsídios e taxas sobre produtos agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O solo amazônico é altamente inapropriado para o plantio da cana-de-açúcar. Além do mais, no contexto do compromisso inabalável do Brasil com a proteção ambiental, o desflorestamento caiu 52% nos últimos anos", pondera o presidente Lula.
Ainda sobre a polêmica do risco ambiental e da redução na produção de alimentos, o artigo diz que "menos de um quinto dos 340 milhões de terras aráveis do Brasil é utilizado para colheitas e que apenas 1%, ou 3 milhões de hectares, é usado para cana-de-açúcar para etanol".
"É um primeiro passo importante no sentido de comprometer nossos países a desenvolver fontes de energia limpas e renováveis (garantindo) a proteção ambiental", afirma o presidente sobre a parceria com os Estados Unidos. Segundo Lula, a criação do novo mercado de etanol "é uma receita para aumentar a renda, criando empregos e reduzindo a pobreza entre os vários países em desenvolvimento onde colheitas de biomassa são abundantes". (Lúcio Lambranho)
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Tarso Genro: EUA "vive um impasse autoritário"
O Ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou hoje (30) a Justiça dos Estados Unidos durante a aula inaugural na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Segundo o ministro, a Justiça americana é negligente em relação às torturas ocorridas em presídios como Guantánamo, em Cuba.
"É absolutamente visível que uma democracia republicana como a americana vive um impasse autoritário do qual não sabe como vai se salvar. Basta lembrar que a Suprema Corte Americana já admite provas obtidas por meios ilegais para possibilitar que a Justiça penal opere", disse.
"A Justiça americana silencia diante da possibilidade de nos campos de prisioneiros, dentro e fora do seu território, se tornem insignificantes os vínculos da Constituição Americana com direitos humanos. E, portanto, há aceitação tácita da tortura que é uma prática medieval de aceitação da prova", complementou.
Amanhã, o presidente Lula encontrará o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em Washington. (Rodolfo Torres)